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"Temos mais riqueza para além do petróleo e dos diamantes"

Anselmo Ralph

O músico, que regressa a Angola para fechar o ano com três concertos em Luanda, assume que a crise veio abrandar alguns projectos seus. Mas acentua a necessidade de olhar para as várias riquezas do País, como a música, aliada ao turismo, e o café.

Regressa a Angola com uma agenda bastante preenchida. Porquê agora?
Este ano, por acaso, foi bastante preenchido, foram uns 40 concertos lá fora. Agora, regresso a Angola e não queria terminar o ano sem fazer um concerto aqui, um evento Anselmo Ralph. Então, temos três concertos anunciados em Luanda. Um, no sábado, dia 23, que é um concerto mais intimista, mais acústico e com mais conversa. E os de 14 e 15 de Dezembro são um "Best Of" para recordar os primeiros 4 álbuns e os sucessos passados.

Um dia apenas de "Best Of Anselmo Ralp" não chegava para dar resposta aos fãs?
O do dia 14 é mais para os adultos e do dia 15 será mais para a criançada, vai começar mais cedo e conta com várias diversões, como palhaços, algodão doce, pula-pula (trampolim), pipocas. Terei algumas apresentações mais privadas, sem falar do corre-corre das entrevistas. Já sentia falta de fazer esta espécie de "tour" pelas TV"s e rádios.

Que cantores vão dividir o palco consigo?
Sandokan, Preto Show, Landrik, TRX e alguns nomes que são novidade. Têm de lá estar para ver. Não posso revelar tudo para não estragar a surpresa (risos).

Que artista angolano gostava de convidar para partilhar uma música?
É difícil, porque são vários. Uma coisa que tenho estado a aprender é que, às vezes, é injusto mencionar alguns nomes e deixar outros de fora, porque a nossa mente nos prega partidas. São várias vozes, sonoridades.

Sente-se um homem realizado?
"Sinto-me um homem realizado", porque tenho uma família bem constituída, um pouso, sou superorgulhoso da minha família. Mas há outros sonhos ainda por realizar, por isso, sou realizado parcialmente.

O que faz para ser um "Super-homem" da sua geração, como diz num tema seu?
Tento ser um "super-homem", ou seja, um bom exemplo. Tento que a juventude, quando olha para mim, consiga colher coisas boas, que ajudem os jovens a realizar-se. Às vezes, pelo facto de mostrar que sou um homem de família, também passo um bom exemplo.

A crise impediu-o de realizar algum projecto pessoal ou profissional?
Impedir, se calhar não. A minha esposa e eu estamos a realizar alguns projectos pessoais e profissionais. A crise abrandou um pouco a realização destes projectos, mas ainda não impediu.

Em que medida a música pode contribuir para a diversificação da economia?
A música pode servir como aliado para o turismo. Sabemos que a kizomba e o semba têm estado a crescer e, tal como quando vamos a Portugal queremos ir a uma boa casa de fado, devemos atrair o turismo, não só com a beleza do nosso País, mas também com a nossa cultura, com o nosso semba, kizomba e kuduro. Esta é uma das formas de a música contribuir para a economia.

Emprestou o seu rosto a várias marcas. Tem alguma preferência ou respeita todos os convite que lhe são feitos?
Não tenho nenhuma preferência e se tivesse também não podia dizer. Aceito, respeito e sinto-me honrado por todas as marcas com quem já trabalhei e com as quais ainda trabalho, porque a marca, seja pequena ou grande, é sempre prestigiante.

É parceiro da Delta Q há quatro anos. A experiência tem sido boa?
A experiência tem sido superpositiva, e o facto de estarmos a caminhar há 4 anos, mostra isso. Acho também que foi um passo gigantesco termos uma máquina personalizada e recargas de café "Anselmo Ralph". Foi bastante prestigiante. Mas, acima de tudo, esta parceria com a Delta Q significa muito para mim, porque faço parte de uma estratégia, não só para vender café, mas também para recuperar aquilo que outrora foi nosso. Angola já foi um dos grandes produtores e exportadores de café. Às vezes, esquecemo-nos deste nosso tesouro e focalizamo-nos no petróleo e nos diamantes. Mais do que vender café, é despertar os angolanos para as outras riquezas que temos. Também informar sobre os benefícios do café. Existem pessoas com problemas de coração, causados pelas bebidas energéticas, que são "imitações" do café.

Homem dos palcos e da paixão duradoura

O autor de sucessos como "Super-Homem" e "Perigosa" é constante na música e na paixão, como revela ao afirmar que continua apaixonado pela mulher, com quem casou e com quem tem dois filhos. Aos 38 anos, o livro de cabeceira de Anselmo Ralph é a bíblia, "apesar de parecer um cliché".

Quanto à cozinha, o músico assume a sua falta de habilidade. O máximo que sabe fazer é um arroz doce - os bolos saem "funge" - o que não quer dizer que não seja um bom garfo. O calulu de peixe com jindungu está entre os pratos preferidos.

Apesar de viver em Angola, Anselmo passa muito tempo fora devido à sua agenda de trabalho, repartindo o tempo sobretudo entre Angola e Portugal. O artista assume que não é poupado, nem no que se refere a cuidar das pessoas, mas no actual contexto tem aprendido a poupar. Não tem um destino preferido de férias, mas a família prefere não repetir lugares, porque gosta de partir à descoberta.


(artigo publicado na edição 551 do Expansão, de sexta-feira, dia 22 de Novembro de 2019, disponível em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)