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"Fazemos o 'Na Grelha' por conta própria, não temos patrocínios"

LADILSON MANUEL

Começou no humor após perceber a sua capacidade de "estigar" os outros. Aceitou o desafio de um humorista para participar num programa de grande audiência e hoje tem o seu próprio espaço, "Na Grelha", onde gostava de trocar piadas com o Presidente da República.

Quando é que o humor surgiu na sua vida?
Não consigo especificar exactamente quando, porque além de crescer com o hábito de fazer piadas e brincadeiras em casa e na escola, onde já tive muitos problemas por causa das piadas com os professores, entre os 15 ou 16 anos, fiz parte de um grupo de teatro onde só me sentia bem a interpretar papéis engraçados. Em 2014, criámos um canal no Youtube para postar sketchs de humor. Acredito que foi nesta fase que assumi o humor. Em Novembro de 2015, fui desafiado pelo Tiago Costa e subi aos palcos do Goz"aqui para começar a fazer stand up comedy.

É fácil ser humorista no País?
Actualmente sim, porque o que mais há em Angola é conteúdo para explorar. É mais fácil ainda graças à luta de pessoas e grupos, como Luís Kifas, Cisco, Os Tuneza, alguns dos quais têm portas abertas para humoristas iniciantes.

Quando decidiu criar o seu programa "Na Grelha"?
Fui inspirado pelo programa brasileiro Fritada, que é "cópia" do Roast (americano). Pensei em convidar figuras públicas para trocar piadas com os humoristas a fim mostrar que é possível rir, mesmo quando se é o alvo.

Como faz para conseguir os espaços onde apresenta os programas?
Alguns dos espaços são cedidos por sugestão dos proprietários ou dos gerentes. Outras vezes faço o trabalho de campo. Outra alternativa é a ajuda do público. Por exemplo,"Kilamba, vou fazer aí o meu show no final de Março, quais são os melhores locais?" O público sugere e já não preciso procurar muito, pois já tenho uma lista dos melhores.

O programa é patrocinado ou é por conta própria?
Por conta própria, ainda não temos patrocínios.

Os convidados facilmente aceitam o convite ou têm receio devido ao formato do "Na Grelha"?
Muitos aceitam logo o convite, pois já conhecem o formato e gostam da brincadeira. Ainda há uns 15% que fogem por achar desrespeitoso, como afirmou uma actriz convidada. Um humorista disse ter medo de ir ao programa porque "estigam" demasiado, mas o importante é que a maioria aceita com facilidade.

Que artista/pessoa gostava de ter no programa e ainda não conseguiu?
A lista ainda é grande, mas vou indicar apenas dois que, se eu "grelhasse" já poderia entrar de férias. Big Nelo e a Pérola (minha paixão de infância).

Com que convidado gostou mais de partilhar o palco?
Depois de 64 edições é difícil escolher um, mas uma das melhores edições foi com o Cabingano Manuel.

Atrever-se-ia a convidar o Presidente da República?
Obviamente que sim. Além de aumentar o mérito do meu evento e, eventualmente, meter algum dinheiro no meu bolso, seria também muito bom para imagem do Presidente da República e para a sua campanha.

A crise impediu-o de avançar com algum projecto?
Sim, impediu. Em 2019, um colega produtor de audiovisual e eu tínhamos o projecto de filmar uma série e começar a produzir uma longa metragem, projectos que não saíram do papel por falta de patrocínios. Tentámos fazê- lo andar com dinheiro próprio, mas não foi suficiente.

É poupado ou consumista?
Infelizmente, sou muito consumista, não sei poupar. Todo mês ralho comigo por não saber fazer poupança. Mas já comecei a ler livros sobre educação financeira e empreendedorismo para ver se consigo poupar e investir. Não quero ser aquele famoso que ganhou dinheiro, mas depois, quando ficou doente, teve de pedir contribuição ao público.

Ladilson: patrão de si mesmo no programa

"Na Grelha" Ladilson Lukene Amaro Manuel, natural de Luanda, é jurista e gosta de assistir a filmes e séries. Sabe cozinhar, mas confessa que não gosta. Para o futuro, quer lançar um livro, escrever e estrear um filme. Com 26 anos é um dos mais influentes youtubers e humoristas da nova geração. Criou o programa "Na Grelha" depois de participar no Goza"aqui, de Tiago Costa. Considera que ser youtuber é uma experiência única, porque sempre quis trabalhar em TV ou com os media e o Youtube ofereceu-lhe essa oportunidade, "com o bónus" de ser o seu próprio patrão. Embora admita que seja cada vez mais difícil entreter o público, conforta-o saber que é "um dos pioneiros". Mensalmente recebe pelas visualizações no seu canal, a partir do AdSense (ferramenta de pagamentos da google), mas ainda não consegue receber pela página do Facebook porque Angola não contempla a função de pagamentos.