Quando as palavras não estão alinhadas às acções
Estamos no início de um ano novo que também marca uma nova década do séc. XXI. Neste período é normal vermos o renovar da esperança e optimismo nas pessoas, porém, para os angolanos 2020 dificilmente será um ano próspero se tivermos em conta que 60.73% da despesa inscrita no OGE, o principal instrumento de gestão do Executivo, é para operações de dívida pública. Neste espaço, vamos reflectir sobre a prolongada ausência de crescimento em Angola que, desde 2016, já vai na 4ª recessão consecutiva, tendo como pano de fundo a mensagem de Ano Novo do Presidente João Lourenço.
Dados do Banco Mundial mostram que a média do crescimento do PIB de Angola de 1990 a 2018 é de 4,2% acima dos 3.6% da África subsariana excluindo os países de alto rendimento. Isto mostra que Angola não teve falta de crescimento, como podemos ver no gráfico abaixo, mas sim um crescimento errático com altos e baixos constantes.
O gráfico mostra que o Executivo angolano não consegue estabilizar o crescimento do PIB. Este tipo de crescimento errático verificou-se na Etiópia durante a década de 1990 até 2003 quando o governo etíope formulou a sua estratégica de desenvolvimento industrial. Os nossos estudos mostram que a implementação desta estratégica permitiu à Etiópia dinamizar o sector empresarial privado e estabilizar o crescimento do PIB desde 2004.
Na mensagem de Ano Novo o Presidente João Lourenço disse que tinha "consciência de que muitos dos avanços registados ainda não se reflectem de forma directa na vida da população, que se vê confrontada com o agravamento do preço dos produtos da cesta básica por força da especulação de alguns comerciantes desonestos e da baixa oferta de bens essenciais de produção nacional." Vale esclarecer que a especulação só é possível quando existe, em primeiro lugar, uma deficiente oferta de bens essenciais no mercado. Daí a pergunta: A quem compete criar as condições (materiais e humanas) e políticas necessárias para que no País se aumente a oferta de bens (e serviços)?
Em 2019, o Executivo através da sua diplomacia económica assegurou que Angola estivesse presente nos mais importantes fóruns realizados em países como a China, os Emirados Árabes Unidos e a Rússia. Todavia, dessa acção não resultou uma mudança na posição dos investidores estrangeiros apesar das promessas. A pergunta que fizemos na altura foi: Que tipo de infra- estruturas Angola dispõe hoje para albergar potenciais projectos de investimento (nacionais ou estrangeiros)? (...)
(Leia o artigo integral na edição 557 do Expansão, de sexta-feira, dia 17 de Janeiro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)