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Opinião

A afronta de Zenaida e o escárnio aos angolanos

Ideias e Visões

Vivemos tempos complexos, de crises existenciais. E, entre nós, o horizonte para chegarmos ao marco de "corrigir o que está mal e melhorar o que está bem" parece cada vez mais distante. A moral, a solidariedade, a compaixão e o respeito ao outro deixaram de fazer parte da escala de valores. Nesta fase crítica que vivemos, o cuidado com a nossa prática diária deveria esmerar-se, estar mesmo no centro de todas as nossas atitudes. Não é possível discutirmos Angola sem levar em consideração o quanto isso se torna necessário e inadiável no contexto actual, em que se pretende abrir um caminho diferente.

Mas parece, também, que nos falta abordar a "crise do cuidado" que se exige nas nossas acções quotidianas.

O abalo social causado pelo comportamento inadequado da presidente do conselho de administração do Banco de Comércio e Indústria (BCI) é escandaloso. Embora comportamentos desta natureza ainda façam escola, no nosso País, neste momento, é uma afronta ao cuidado que se exige a qualquer gestor avisado. Zenaida Zumbi deu uma bofetada de mão cheia a todos nós e mostrou que, afinal, há dinheiro de sobra, exactamente num momento em que o País não pode alinhar em extravagâncias. Quando a economia e a Covid-19 nos vergam.

Longe de populismos, a traquinice cínica e o abuso ao conceder-se o pomposo crédito, Zenaida deu-nos bofetadas na cara e mandou para o brejo o slogan "corrigir o que está mal, melhorar o que está bem", que elegeu João Lourenço, em 2017. E ainda colocou uma saia justa na ministra das Finanças. Agora, se não foi conchavo, vamos esperar como tudo isso vai ser descosido.

Porque não se pode admitir que, em momentos difíceis, quando se exige moralidade e probidade para se construir uma economia parcimoniosa e solidária, Zenaida se dê ao luxo de exageros. E já não se coloca, aqui, a licitude ou não da acção. O problema, para além de outras avaliações que possam ser feitas, coloca-se, fundamentalmente, no campo moral, quando se exigem sacrifícios a todos.

Esse escárnio, aos angolanos, acontece quando vivemos o calvário económico e social. O comportamento dela é uma afronta, directa e aberta, a João Lourenço, à governação, assombra o Presidente e contraria aquilo a que ele se propõe.

*Docente Universitário

(Leia o artigo integral na edição 589 do Expansão, de sexta-feira, dia 28 de Agosto de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)