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Empresas & Mercados

Só 16 em cada 100 empresas receberam apoios para "travar" crise da Covid-19

Impacto da pandemia nas micro, pequenas e médias empresas

Oitenta e quatro em cada 100 empresas revelaram não ter recebido qualquer tipo de apoio do Governo ou dos bancos comerciais, no âmbito das medidas de alivio à economia criados para responder à pandemia do coronavírus, tendo algumas destas chegado a ficar sem liquidez para honrar compromissos com salários e demais despesas, de acordo com o inquérito do Banco Nacional de Angola (BNA) realizado em Julho sobre os efeitos da Covid-19 nas Micros Pequenas e Médias Empresas (MPEs).

Ainda assim, trata-se de uma melhoria face ao inquérito de Junho, que apontava a 86 empresas sem qualquer apoio.

O resultado do inquérito de Julho do banco central atesta que, ao todo, foram 673 empresas válidas de um total de 704 submissões de inquéritos que participaram do levantamento, das quais só um grupo residual é que confirmou ter sido beneficiado com o adiamento do pagamento das obrigações fiscais e contributivas, ou com as moratórias nos pagamentos de crédito ou acesso a novas linhas de financiamento.

Apenas 2,4% das empresas tiveram acesso a novas linhas de financiamentos, 2,5% beneficiaram de moratórias e 6,5% das empresas admitiu ter recebido apoio de adiamento do pagamento de obrigações fiscais e contributivas.

O BNA justificou a realização do inquérito com o papel "crucial" desempenhado pelas MPEs, na geração de emprego e como fonte de rendimento das famílias, o que, na visão do banco central, ajudou na tomada de medidas de apoio à classe empresarial.

Aliás, foi isso mesmo que levou o Governo, por via do BNA, a aprovar, em Março, as medidas de moratórias no pagamento das prestações de crédito. Com este congelamento dos pagamentos de juros e amortizações, os clientes com créditos nos bancos comerciais podiam beneficiar, desde 30 de Março, de uma moratória de 60 dias na amortização e liquidação dos empréstimos e dos respectivos juros sem alteração ao valor das prestações em curso, numa imposição do supervisor do sistema financeiro nacional, expressa no instrutivo n.º 04/2020 de 30 de Março.

Esta medida garantia ainda que os bancos deixassem de fazer interpelações, constituições em mora e execuções de garantias, já que várias empresas e clientes tinham as suas actividades ou rendimentos paralisados em função do que também foi designado de estado de excepção.

Mas o inquérito do BNA veio provar que as medidas, quer de alívio nas prestações do crédito, quer das obrigações junto do Fisco, chegaram a poucas empresas. Várias empresas e associações de empresários confirmaram isso mesmo. Aliás, ao Expansão, o presidente da Associação das Indústrias de Panificação e Pastelarias de Angola (AIPPA), Gilberto Simão, garantiu que nenhum associado da organização recebeu alívios seja na prestação de crédito junto da banca, seja junto do Estado, para fazer face aos efeitos da Covid-19.

(Leia o artigo integral na edição 596 do Expansão, de sexta-feira, dia 16 de Outubro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)