Apoio ao desenvolvimento, peso da dívida e clima são os desafios
Tah herda do nigeriano Akinwumi Adesina uma instituição pan-africana com fundamentos sólidos: 318 mil milhões de dólares em capital, rating AAA durante 10 anos consecutivos e a pontuação de transparência mais alta do mundo para uma carteira soberana, com 98,8%.
A redução do apoio internacional ao desenvolvimento, o elevado peso da dívida e o impacto negativo das alterações climáticas são os principais desafios do continente africano, de acordo com o novo presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
O economista mauritano Sidi Ould Tah, eleito presidente do Banco BAD em Maio, assumiu esta semana oficialmente as suas funções, numa cerimónia que decorreu em Abidjan, na Costa do Marfim. Na ocasião, prometeu empenho na construção do desenvolvimento de África. "Assumo o compromisso solene de trabalhar num espírito de concertação e colegialidade, a fim de prosseguir a missão que nos une: construir uma África robusta e próspera", declarou após a sua tomada de posse.
Depois de enumerar os vários desafios que o continente enfrenta, Tah considerou que "África está de olhos postos em nós, a juventude espera por nós, é hora de agir", insistindo na importância da paz para alcançar os objectivos de desenvolvimento do continente.
Entre os desafios está, precisamente, a diminuição substancial do apoio norte-americano ao desenvolvimento, tendo o mauritano, na sua campanha ao cargo, defendido a necessidade de atrair outros financiadores, nomeadamente dos países do Golfo, para fazer face ao desligamento americano. Ainda assim, admite que o continente tem de "olhar para todos os lados". "África deve olhar para o Norte, Sul, Leste e Oeste - não para imitar, mas para extrair sabedoria e força de todas as direcções enquanto define o seu próprio rumo. Tal como um navegador guiado pela bússola, o Banco deve ajudar África a navegar pelas megatendências rumo a uma maior autossuficiência, ambição e agência", afirmou.
Além da mobilização de mais recursos para financiar o desenvolvimento do continente, Ould Tah terá igualmente de lidar com vários factores adversos, entre os quais o elevado endividamento público e a dificuldade de acesso aos mercados internacionais, bem como os impactos das alterações climáticas no continente.
Na cerimónia, Tah delineou os seus "Quatro Pontos Cardeais", que incluem reformar a arquitectura financeira africana, aproveitar o dividendo demográfico do continente, industrializar de forma sustentável e desbloquear capitais em grande escala.
Reiterou ainda que o Banco será "atento, responsivo e capaz de definir prioridades que importam", avançando que irá reforçar as parcerias e trabalhar em estreita colaboração com governos, o sector privado e parceiros internacionais, "para que, juntos, criemos um quadro financeiro que sirva África nos seus próprios termos".
O ex-ministro da Economia da Mauritânia (2008-2015) esteve à frente do Banco Árabe para o Desenvolvimento Económico em África (BADEA) durante 10 anos, substituindo agora o nigeriano Akinwumi Adesina, que estava no comando desde 2015 e sai da instituição depois de terminar o segundo mandato. Adesina foi também o responsável pela implementação dos High5, as cinco prioridades estratégicas que norteiam os investimentos do BAD - Alimentar África, Industrializar África, Iluminar África, Integrar África e Melhorar a Qualidade de Vida dos Africanos -, e lançou o Compacto Lusófono, uma ferramenta de financiamento de projectos nos PALOP.
Tah herda uma instituição pan-africana com fundamentos sólidos: 318 mil milhões de dólares em capital, rating AAA durante 10 anos consecutivos e a pontuação de transparência mais alta do mundo para uma carteira soberana, com 98,8%. Ao longo da última década, o Banco aprovou 102 mil milhões de dólares em financiamento ao desenvolvimento.
* Com agências