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Angola

Emprego e dificuldades económicas é o que mais motiva angolanos a sair do País

AFROBARÓMETRO

Os angolanos mais susceptíveis de considerar a possibilidade de sair do País são maioritariamente jovens entre os 18 e 35 anos, com elevados níveis de escolaridade (ensino médio ou superior concluído), que vivem em níveis baixos de pobreza, em zonas urbanas e que já possuem um emprego em tempo integral.

A maioria dos angolanos (57%), afirma já ter considerado a possibilidade de sair do País, na maior parte dos casos para obter emprego e melhor qualidade de vida, de acordo com um inquérito recentemente divulgado, realizado pelo Afrobarómetro entre 27 de Março e 19 de Abril de 2024.

Os resultados do inquérito revelam que a emigração é uma preocupação significativa para os Angolanos, motivada principalmente por factores económicos. A maioria dos cidadãos que pensam em deixar o País procura melhores oportunidades de emprego e um nível de vida mais elevado, sendo os jovens urbanos e qualificados os mais susceptíveis de considerar a emigração, o que indica uma potencial perda de capital humano essencial para o desenvolvimento económico e político do País.

De acordo com o inquérito, entre os 57% dos angolanos que consideram a possibilidade de sair do País, pelo menos 37% tinha a intenção de procurar melhores oportunidades de trabalho e 34% a de escapar às dificuldades económicas ou à pobreza. Por outro lado, a propensão para considerar a emigração aumenta com o nível de escolarização, já que apenas 27% dos angolanos sem escolaridade formal consideraram a possibilidade de sair do País, enquanto 74% com ensino secundário e 72% dos universitários cogitam ir para o exterior. Já os jovens com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos (66%) e entre os 26 e os 35 anos (64%) são consideravelmente mais susceptíveis de pensar em sair do País do que os mais velhos.

Diante deste cenário o economista Fernandes Wanda explica que, a redução que se tem verificado na actividade económica faz com que a oferta de postos de trabalho seja muito reduzida. Logo, as pessoas são forçadas a procurar alternativas. "O Índice de Sofrimento Económico que temos estado a calcular mostra que o sofrimento dos jovens entre os 15 e 24 anos, saiu dos 66,8% no IV trimestre de 2022 para 81,9% no IV Trimestre de 2024", admitiu.

O estudo realizado pelo Afrobarómetro indica também que os indivíduos mais pobres (55%) são um pouco menos propensos a considerar a emigração do que aqueles que estão economicamente em melhor situação (62%), talvez reflectindo a realidade de que emigrar requer frequentemente recursos financeiros iniciais. E as pessoas com emprego a tempo inteiro ou parcial (66%) estão mais inclinadas a pensar em deixar o País do que os desempregados (60%) e as pessoas fora do mercado de trabalho (43%).

Entretanto, um grande fosso separa as cidades, onde sete em cada 10 residentes afirmam ter pensado pelo menos "um pouco" na emigração, das zonas rurais, onde os pensamentos de emigração são apenas metade (34%).

Fernandes Wanda explica que as pessoas desempregadas têm mais dificuldades de fazerem uma emigração mais regular e isso mostra que a questão não se limita só aos postos de trabalho, mas também a qualidade de vida das pessoas empregadas. "Uma pessoa na Huila com o salário de Luanda pode ter uma qualidade de vida superior (não é por acaso que no Reino Unido as pessoas que trabalham em Londres, a capital, têm um incremento especial tendo em conta o facto do custo de vida ser maior lá do que em outras regiões)" exemplifica.

Na província de Luanda, por exemplo, segundo a pesquisa do Afrobarómetro, quase oito em cada 10 cidadãos (78%) afirma ter considerado ir para o exterior, o que sugere que as expectativas económicas e sociais mais elevadas na capital do País podem gerar maior frustração e desejo de procurar melhores condições de vida no estrangeiro. Já a região sul (31%) e a província da Huíla (33%), as áreas menos urbanizadas de Angola, apresentam as taxas mais baixas de potenciais emigrantes, reflectindo uma menor exposição a redes de migração ou menores aspirações relacionadas com a emigração.

Portugal é o principal destino

Portugal tem sido o principal destino dos emigrantes angolanos. Dados recentes publicados pelo Novo Jornal (2024) indicam que a comunidade angolana em Portugal cresceu mais do que o triplo entre 2017 e 2023, passando de 16.854 para 55.589 residentes, o que a torna a segunda maior comunidade estrangeira no País, superada apenas pelo Brasil.

Em termos globais, a Europa (39%) ocupa o primeiro lugar entre os angolanos que consideraram sair do País, provavelmente reflectindo os laços históricos e culturais com Portugal, bem como a percepção das condições económicas, educacionais e sociais nos países europeus. A América do Norte (Estados Unidos e Canadá) vem em segundo lugar (21%).

Leia o artigo integral na edição 824 do Expansão, de sexta-feira, dia 02 de Maio de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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