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Gestão

Afinal, eu sou o tóxico organizacional e não sabia

CAPITAL HUMANO

Vivemos um período competitivo e acelerado e aqueles gestores que conseguirem identificar a forma como são percebidos, rapidamente conseguirão potencializar o seu posicionamento no mercado e passar a mensagem de que os resultados são importantes, mas não é possível considerá-los sem as pessoas no ambiente corporativo.

Hoje decidi iniciar o dia com boas vibrações. Nada tirará o meu bom humor; tudo está pronto para a reunião que se avizinha; estou preparado para apresentação daquele projeto tão esperado e, assim, escalar o próximo nível.

Dirigi-me para a sala de reuniões, onde se encontravam os administradores, os nossos principais clientes e o meu novo gestor, Francisco António, por sinal, a minha mais recente aquisição. Depois daqueles minutos intermináveis entre saudações e conversas nada produtivas, com comentários sem importância, tomei então a palavra e com toda a eloquência que me é caraterística apresentei o meu relatório.

Fixei no meu olhar o de todos os presentes, e era unânime a ausência de qualquer questionamento e qualquer pista sobre o que estariam a pensar. Contudo, de acordo com a ordem de trabalhos, começámos pela ordem inversa hierarquicamente, iniciando os comentários pelo membro mais novo, seguido pelos demais membros e concluindo comigo, na qualidade de gestor do projeto. A indicação era que todo e qualquer posicionamento não seria levantado por alguém na escala hierárquica inferior.

Após a apresentação, (o novo gestor Francisco António, tinha pouco menos de 6 meses na organização), assistiu a toda a exibição, iniciou a sua abordagem fazendo menção das fragilidades e possíveis ameaças do projeto; quando bruscamente foi interrompido por um dos membros sénior, que verbalizou o seguinte: "estás aqui para ver e ouvir. Já te informo quando puderes opinar, sobre o meu projeto". Os olhares voltaram-se novamente para o novo gestor Francisco António. O brilho no olhar, presente no início da apresentação, esvaiu-se completamente. Pois o membro sénior disse-o com total naturalidade e na presença de todos os elementos.

Segundo Brian Tracy, "ser um gestor de pessoas, é aplicar a regra de ouro número 1 da Gestão em tudo aquilo que faz. Faça a gestão dos outros da forma como gostava que fizessem a sua."

A gestão de pessoas de excelência é feita quando ela está firmada nos princípios de honra e respeito pelo trabalho de equipa. Gestores de pessoas que trabalham a empatia e perspicácia, entendem o sentido de humildade e ética, do cuidado para com as suas pessoas. Eles criam ambientes de prestação de contas e ausência do medo de conflito. Promovem e incentivam a equipa a fazer perguntas para colocarem as suas ideias em ação, pois existe um sentimento de pertença representado na maneira como se comportam, como se sentem valorizados e seguros na organização.

Os gestores de pessoas entendem o sentido de servir aqueles que estão ao seu encargo, porque têm visão de helicóptero, ou seja, entendem a necessidade de inspirar outras pessoas, de modo que possa ser despertado o seu potencial e escalá-las no alcance dos objetivos pretendidos. Ajudam as suas pessoas a ascender nas suas carreiras profissionais. Mitigam o risco do poder e da gestão por "status ou por ego", concentram-se no alcance do objectivo coletivo, versus objetivos individuais.

Identificar erros e acertos no processo de gestão é trazer uma mudança de mentalidade e dar importância à cultura da gestão do autoconhecimento, por meio do aperfeiçoamento de competências que somadas, trazem mais produtividade e agilidade para crescimento da equipa. Fazer perguntas que trazem clareza na forma como é percebido pelas suas pessoas; quais as habilidades essenciais que precisam de ser desenvolvidas; quais as competências que se destacam profissionalmente, é identificar que, provavelmente terei de aceitar que, afinal eu sou o tóxico organizacional que precisa de fazer a escolha pela mudança e mitigar a continuidade do "Síndrome da Gabriela" em ambientes organizacionais.

Leia o artigo integral na edição 771 do Expansão, de sexta-feira, dia 12 de Abril de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)