Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Mundo

Crescimento na África Subsariana bateu no fundo em 2023

AFRICA PULSE DO BANCO MUNDIAL

A alta inflação, impulsionada principalmente pelo aumento dos preços dos produtos alimentares e da energia, bem como por moedas mais fracas, reduziu o poder de compra das famílias da África Subsariana e, por conseguinte, conduziram a um abrandamento do crescimento do consumo privado no ano passado.

O crescimento económico na África Subsariana atingiu o seu ponto mais baixo em 2023, com as 47 economias a registarem um crescimento de 2,6%, o que representa uma desaceleração face aos 3,6% registados em 2022, de acordo com o relatório Pulsar de África, do Banco Mundial, divulgado esta semana em Washington.

De acordo com o documento intitulado "Combater a desigualdade para revitalizar o crescimento e reduzir a pobreza em África", a desaceleração do crescimento na região é parcialmente atribuída a um crescimento mais lento do consumo e do investimento.

"As elevadas taxas de inflação, impulsionadas principalmente pelo aumento dos preços dos produtos alimentares e da energia, bem como por moedas mais fracas, reduziram o poder de compra das famílias da África Subsariana e, por conseguinte, conduziram a um abrandamento do crescimento do consumo privado no ano passado. As condições financeiras (globais e internas) mais restritivas, em resultado de políticas monetárias contraccionistas destinadas a travar a inflação, aumentaram o custo do financiamento e reduziram a disponibilidade de crédito, travando assim o investimento fixo bruto", refere o documento.

De acordo com o Banco Mundial, os desafios específicos de cada país também contribuíram para o abrandamento, incluindo cortes de energia e logística de transporte inadequada na África do Sul, bem como preços mais baixos e produção de petróleo abaixo da quota na Nigéria e em Angola.

A maioria das moedas da África Subsariana enfraqueceu em 2023, devido a condições financeiras mais restritivas a nível mundial e nacional e de um dólar forte. Em 2023, a naira nigeriana, o kwanza, o kwacha malauiano e a libra sul- -sudanesa foram as moedas com pior desempenho na região. Estas moedas registaram depreciações no final do ano, que variaram entre 37,3% (Sudão do Sul) e 49,5% (Nigéria) no ano passado.

O relatório refere que o crescimento na região deverá recuperar em 2024 e 2025, ainda que essa recuperação permaneça frágil, havendo já indicadores nos primeiros meses deste ano que apontam a essa recuperação. Assim, prevê-se que o crescimento na África Subsariana acelere para 3,4% em 2024 e continue a aumentar para uma taxa média de 3,9% em 2025-26, como resultado do crescimento do consumo privado que deverá resultar do recuo da inflação a nível global, permitindo a recuperação da perda do poder de compra. "A surpreendente subida do crescimento nas grandes economias no início do ano - em especial nos Estados Unidos - e a recuperação do comércio mundial e o abrandamento gradual das condições financeiras previstas para o final do ano explicam em parte a recuperação da actividade económica na África Subsariana. O arrefecimento da inflação e o compromisso político de restaurar a estabilidade macroeconómica ajudarão a melhorar o sentimento dos investidores", acrescenta o relatório.

A actividade económica na África do Sul deverá recuperar de 0,6% em 2023 para 1,2% em 2024 e acelerar ligeiramente para 1,4% em 2025-26. Prevê-se que o crescimento na Nigéria seja de 3,3% em 2024 e de 3,6% em 2025-26, à medida que as reformas macroeconómicas e orçamentais comecem gradualmente a produzir resultados. Quanto a Angola, a instituição multilateral aponta a uma aceleração de 2,8% este ano, depois de ter crescido 0,8% em 2023 impulsionada pelo sector não petrolífero, que compensou a quebra de 2,5% do petrolífero devido à "falta de investimentos e à maturação dos poços". As projecções do BM são menos optimistas que as do Governo e do INE. Isto porque, segundo as contas nacionais do INE, o PIB nacional cresceu 0,9%, em 2023 e o Governo, na última reprogramação macroeconómica apresentada em Conselho de Ministros, no final de Março, reviu o crescimento económico para este ano em alta, passando de 2,9% para 3,1%, ligeiramente acima agora das projecções do Banco Mundial.

Leia o artigo integral na edição 771 do Expansão, de sexta-feira, dia 12 de Abril de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)