Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Mundo

África precisa de 9,3 mil milhões USD para expandir rede de transporte de combustíveis

PROCURA DE HIDROCARBONETOS VAI CRESCER 56% ATÉ 2040, SEGUNDO ESTUDO

Falta de instalações de armazenamento de combustível e de acesso aos portos "criará estrangulamentos e abrandará o ritmo do fornecimento", alertou Fadi Mitri, chefe da Puma para África, em conferência na Cidade do Cabo.

África precisa de investir 9,3 mil milhões USD para expandir a infraestrutura de transporte de combustíveis e evitar interrupções no fornecimento, tendo em conta o crescimento da procura projectado para o continente, defendeu Fadi Mitri, chefe da Puma Energy de África, numa conferência na Cidade do Cabo, onde lançou um apelo à Associação Africana de Refinadores e Distribuidores (ARDA) para desenvolverem urgentemente a infraestrutura energética do continente.

O apelo de Mitri tem por base uma investigação da Puma e da consultora Citac, que aponta para um crescimento de 56% na procura de combustíveis fósseis em África até 2040, o que pressiona a rede de armazenamento e transporte num continente onde 83% dos combustíveis é transportado por estrada.

A falta de instalações de armazenamento de combustível e de acesso aos portos "criará estrangulamentos e abrandará o ritmo do fornecimento", alertou Fadi Mitri, notando que "apenas 6% das instalações costeiras de armazenamento podem ser classificadas como sendo de classe mundial".

"Podemos ter o preço certo, a regulamentação certa, mas se os nossos portos e estradas estiverem congestionados, o gasoduto apresentar fugas, se não houver armazenamento, não teremos segurança energética", frisou Mitri, citado pela Engineering News, notando que os novos projectos devem complementar-se em vez de competirem.

O estudo da Puma e da Citac confirma que África continuará a assistir ao crescimento dos transportes que dependem da gasolina e do gasóleo, ao contrário do que acontece noutras regiões do globo, onde há uma transição mais rápida para veículos menos poluentes, como os eléctricos. Além disso, África tem uma população em crescimento e em rápida urbanização, esperando-se que até 2050 o continente tenha uma população superior a 1,3 mil milhões de pessoas.

Limitações têm custos para os consumidores

"Isso ocorre no principal mercado de combustíveis. Mas como podemos fornecer combustíveis aos consumidores com a infraestrutura actual?", questionou Mitri. Para ilustrar o problema, o responsável da Puma Energy em África notou que 59% dos portos no continente tinham restrições de calado inferiores a 10 m, o que significa que são demasiado rasos para permitir que navios de grande porte levantem âncora.

Estas limitações, somadas aos congestionamentos na distribuição, têm um custo económico, o que faz com os países e consumidores africanos paguem mais pelos combustíveis do que os países que são capazes de permitir economias de escala e grandes entregas. "Se um fornecedor sabe que terá de esperar cinco ou 10 dias a mais do que em qualquer outro porto, ele vai cobrar mais caro", exemplificou.

Para lidar com o aumento dos volumes de importação, a investigação da Puma e da Citac mostra ainda que África Subsariana necessita de um investimento até 2 mil milhões USD em instalações de armazenamento de hidrocarbonetos até 2040. No total, será necessário um investimento colectivo de 9,3 mil milhões USD para ampliar os gasodutos existentes e desenvolver novas rotas de gasodutos.

"A ARDA deve criar um fundo de infraestruturas a jusante que possa produzir um plano director para as várias regiões do continente. Esse fundo de investimento pode então enfrentar a indústria financeira, os comerciantes e os fornecedores", defendeu Fadi Mitri.