Queda do petróleo faz economia desacelerar para 2,3% no I semestre
Economia volta a crescer abaixo do aumento da população que cresce em média 3,0% ao ano, devido à queda de 6,5% do sector do petróleo no I semestre. Governo projecta no OGE um crescimento de 4,1% até o final do ano, enquanto o Banco Mundial e o FMI apontam para 2,7% e 2,4%, respectivamente. O BFA é mais pessimista, depois de rever em baixa o crescimento para apenas 1,9%.
O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu, em termos acumulados, 2,3% no I semestre deste ano, o que significa que a economia desacelerou cerca de 3,3 pontos percentuais quando comparado com o crescimento de 5,6% registado no mesmo período de 2024, de acordo com cálculos do Expansão a partir das Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Assim, o PIB volta a crescer abaixo do aumento da população, que cresce em média 3,0% ao ano, o que significa que a economia não está a gerar os empregos em quantidades suficientes para acolher a população que entra em idade activa. Isto também significa que o País não está a conseguir produzir o suficiente para diminuir as importações, o que compromete os programas do Governo.
Como de costume, a culpa é da queda da Extracção e Refino de Petróleo que nestes primeiros seis meses do ano afundou 6,5% face ao período homólogo. Só para termos noção, Angola produziu, no I semestre cerca de 186,0 milhões de barris de petróleo, o equivalente a uma média diária de 1,028 milhões de barris, o que representa uma queda de 9% face aos 1,123 milhões produzidos diariamente em média entre Janeiro e Junho do ano passado, ou seja, menos 96 mil barris/dia face ao período homólogo, de acordo com cálculos do Expansão com base nos relatórios mensais da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG).
E os números foram ainda piores em Julho, já que o País teve uma produção média diária de cerca de 999 mil barris, baixando pela primeira vez em 28 meses a barreira psicológica dos 1,000 milhões de barris por dia.
O declínio da produção de petróleo em Angola é uma realidade, não só pela redução dos investimentos, mas também pelo desgaste dos campos. Embora o INE tenha actualizado a base de cálculos das Contas Nacionais com a migração do ano de referência de 2002 para 2015 - que trouxe alterações substanciais ao PIB, ao colocar a Extracção e Refino de Petróleo, que representava 28,6% PIB no ano passado, a valer 19,5% do PIB este ano - o Oil & gas representa 75% da produção industrial de Angola e é responsável por 95% das exportações, o que demonstra um sinal claro da fraca diversificação económica do País.
Já o sector não petrolífero, que representa 80,5% do PIB, registou aumentos em todas as classes, com excepção ao sector da Intermediação Financeira e de Seguros, que no I semestre caiu 1,7%.
Assim, a empurrar a economia para cima estiveram as Actividades de informação e de comunicação com um crescimento de 32,0%, seguido da Extracc a o de Diamantes, Minerais Metálicos e de Outros Minerais não Metálicos, que registou uma expansão de 26,3% no I semestre. Quanto ao sector do Comércio, o que tem o segundo maior peso no PIB, registou um crescimento de 7,7% em seis meses, ainda assim abaixo dos 1,0 pontos percentuais acima do crescimento verificado no período homólogo. Destaque também para o crescimento da Pesca e Aquicultura em 5,9%, Indústria Transformadora em 4,1% e Serviços de Alojamento e Restauração em 3,9%.
Já os sectores Construção (3,8%), Produção de Electricidade, A gua e Saneamento (3,4%) e Agro-Pecua ria e Silvicultura (3,3%) tiveram as taxas crescimentos mais baixas em termos acumulados.
O INE não justifica estas variações em termos semestrais, mas fá-lo em termos trimestrais e homólogos, avançando que o PIB no II trimestre deste ano cresceu 1,1% em termos homólogos, mas caiu 0,01% em termos trimestrais.
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