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"Buscamos novas formas de trabalho para sobreviver no contexto actual"

Entrevista a APOLINÁRIO DA CRUZ TALA

A gastronomia surgiu na sua vida por acaso, mas hoje emprega e sustenta várias famílias. Apolinário Tala defende que a gastronomia pode avalancar a economia, como suporte ao turismo. A crise obrigou a mudar o ritmo de trabalho porque as encomendas caíram.

Como é que descobriu o seu gosto pela cozinha?
O gosto pela cozinha surge desde muito cedo, vendo a minha irmã a cozinhar e ao ir refazendo tudo o que ela confeccionava. Apesar de alguns erros, passei a fazer de forma correcta e diferente. Mas só em 2009 é que, de alguma forma, a cozinha passou a dar para viver e para o meu sustento. Em seguida, tive de ir à procura de conhecimento cientifico para aprimorar as técnicas e ter bases suficientes para me manter neste ramo. É um processo que não acaba, continuo em formação.

Tem alguma preferência no momento de confeccionar?
Gosto de trabalhar mais com marisco (frutos do mar), mas não coloco de parte os outros produtos, pois a minha missão é satisfazer quem procura os nossos serviços.

O que faz mais: pratos típicos angolanos ou internacionais?
Confecciono de tudo um pouco, do nacional ao internacional. Tem a ver com o que o cliente deseja. A minha missão é satisfazer a necessidade dos clientes e ajudá- los a fazerem uma viagem enquanto comem.

Tem sido fácil agradar ao paladar dos seus clientes?
Não tem sido fácil, porque os clientes são muito exigentes. E são clientes que sabem muito bem o que querem. Têm um paladar treinado. Mas, graças a Deus, temos feito um bom trabalho, daí a razão de muitos dos nossos clientes estarem sempre a solicitar o nosso serviço. Primamos sempre pela qualidade.

Que dificuldades enfrentou quando decidiu criar a sua marca, a Nário"s Services?
Foi ter de criar o conceito da marca, passar do que era a nossa ideia à implementação, encontrar profissionais com capacidade e responsabilidade para dar resposta aos serviços. Também nos debatemos com a falta de financiamento e trabalhamos com fundos próprios.

Já dá formação ou está apenas a cozinhar para as pessoas?
Já tenho dado formação a particulares e não só. No ano de 2019 formámos mais de 80 alunos, num período de oito meses, e conseguimos conciliar com as encomendas que recebemos.

A crise impediu-o de realizar algum projecto pessoal ou profissional?
A crise, de certa forma, parou um pouco o nosso ritmo de trabalho ao reduzir as encomendas. Mas a nossa equipa procura sempre novas formas, recria, buscamos novos serviços, novas formas de trabalhar para poder sobreviver dentro do novo contexto. A crise não nos parou. A nível pessoal, as dificuldades na obtenção de divisas dificultou os pagamentos no exterior, tive de adiar muita coisa, mas continuamos a seguir em frente.

Como é que a gastronomia pode ajudar a diversificar a economia?
A gastronomia pode ajudar muito na criação de emprego, no incentivo ao turismo, a gerar receitas para o Estado. Sabemos que podemos usar mais os produtos agrícolas nacionais, mesmo que em pequena escala. Desta forma, estamos a movimentar os pequenos agricultores e a estimulá-los a trabalhar mais e melhor, o que vai resultar no aumento da produção interna e na valorização do sector agrícola. Isto também ajudará a fomentar o emprego e a sustentabilidade das famílias.

O gosto pela gastronomia por trás da Nário's Services

Apolinário da Cruz Tala é licenciado em Marketing Publicidade e Relações Públicas, mas é na gastronomia que se vê a crescer enquanto pessoa e empreendedor, gerindo hoje a sua marca de catering Nário"s Services. O gosto pela cozinha surgiu cedo, segundo contou. Ao ver a sua irmã a confeccionar alimentos procurava imitá-la, aperfeiçoando a técnica, até que um dia se lançou por conta própria. Actualmente, realiza sessões de formação de culinária dirigidas a pessoas, grupos e empresas. Só em 2019 chegou a formar 80 cozinheiros. Nos tempos livres, gosta de dançar e de estar com os amigos. Num futuro muito próximo, o jovem, de 30 anos, solteiro, pretende abrir um restaurante e um espaço de cozinha maior para dar formação e poder ajudar os jovens que não têm condições de pagar a aprender, trabalhando com ele.