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Economia

Está na hora de rever os salários tanto no sector público como no privado

Governo admite aumentos dos salários mínimos ou mesmo uma revisão salarial

"Está mais do que na hora de se rever a forma como são estabelecidas as remunerações, quer no sector público quer no privado", afirmou secretário de Estado do MAPTSS, Pedro Filipe

O secretário de Estado para a Segurança Social, defendeu esta semana a necessidade de encarar os critérios de produtividade para a remuneração dos trabalhadores. Para Pedro Filipe, está mais do que na hora de se rever a forma como são estabelecidas as remunerações dos trabalhadores, tanto no sector público como no privado.

No seminário sobre "O critério da produtividade do trabalho para o ajustamento do montante do salário mínimo nacional", organizado pelo Ministério da Administração Pública Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), o responsável governamental adiantou que já é a altura de abandonar a lógica de indexação das remunerações às habilitações literárias ou ao privilégio excessivo de tempo de serviço e de carreira e começar a encarar a produtividade como sendo determinante para a remuneração e fixação dos salários, ou seja, a remuneração com base no mérito.

O representante do Grupo Técnico Empresarial (GTE), Cremildo Paca, explicou que o salário mínimo tem a ver com a garantia das condições mínimas de subsistência dos trabalhadores, acrescentando que, e em muitos casos, o salário mínimo protege grupos marginais de trabalhadores não qualificados em sectores de baixa produtividade.

"O aumento do salário mínimo deverá ter como base vários indicadores económicos, tais como a inflação, o custo de vida das famílias, a produtividade dos trabalhadores numa empresa ou na função pública, bem como a capacidade das empresas em fazer face ao pagamento de salários mais altos, decorrente do ambiente económico e de negócio nacional".

O representante do GTE fez, também, a apresentação da tabela salarial do mínimo dos salários mínimos em Angola, sendo que o mais baixo é de 21.454 kwanzas, equivalente a 38 dólares. O que equivale a uma situação de extrema pobreza, uma vez que tem um rendimento abaixo de 1,9 dólares, valor definido pelo Banco Mundial como linha vermelha da pobreza, ultrapassada esta linha, entra-se em pobreza extrema.

Colocando a questão de outra forma, para comprar uma cesta básica para uma família de até seis pessoas são precisos quatro salários mínimos do sector da agricultura, por exemplo.

Desde o início da crise cambial, ou seja, do início de uma desvalorização acentuada do kwanza face ao dólar, há uma quebra de quase 41% no poder de compra dos trabalhadores com salários mínimos.

Em Angola estão definidos salários mínimos por sector de actividade nos privados: mínimo na agricultura é de 21.454,1 kwanzas, nos transportes, serviços e indústria transformadora é de 26.817,6 kwanzas e no comércio e indústria extractiva é de 32.181,2 kwanzas

Estes valores foram actualizados em Março de 2019, tratando- se do segundo aumento desde o início da crise cambial. Só que os aumentos nunca chegaram para compensar a perda no poder de compra das famílias, acentuada por uma alta elevada.

No encontro, os especialistas analisaram, ainda, a problemática do estudo da evolução salarial, para a criação de propostas futuras com vista a reverter a situação.