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Economia

Inflação mensal acelera e já é o pior arranque anual dos últimos oito anos

INDICE DE PREÇOS NO CONSUMIDOR EM JANEIRO

Pior só mesmo em Janeiro de 2016, ano em que o Governo aumentou o preço da gasolina e em que se deu início a um ciclo de cinco recessões económicas. Especialistas alertam que a retirada dos subsídios aos combustíveis terá como consequência o crescimento da inflação e o abrandamento da economia.

O ritmo de subida mensal do custo de vida a nível nacional acelerou 2,5% em Janeiro, de acordo com dados do Índice de Preços no Consumidor Nacional do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgado esta quarta-feira, um crescimento de um ponto percentual face ao registado em Dezembro de 2023. A taxa, que mede a variação de preços entre dois meses consecutivos, verificada este mês é o pior arranque da inflação dos últimos oitos anos. Pior só mesmo em Janeiro de 2016, quando abriu com uma inflação mensal de 3,32%.

Note-se que 2016 foi também o ano em que a inflação em final de período atingiu o valor mais alto desde 2003. E a culpa deve-se, em parte, à subida dos preços da gasolina verificada precisamente em Janeiro daquele ano, quando cada litro passou de 90 Kz para 160 Kz, num ano que deu início a um ciclo de cinco recessões consecutivas (2016 a 2020).

Olhando para este quadro, em que 2024 registou o pior arranque em termos de subidas de preços desde o mesmo mês de 2016, especialistas admitem que o pior deverá estar mesmo para vir, até porque o Governo prevê continuar com o processo de retirada gradual dos subsídios aos combustíveis este ano. "Quando for anunciado o fim dos subsídios aos combustíveis teremos uma realidade económica desastrosa, caso as autoridades não consigam estabilizar o mercado", disse o economista José Lopes ao Expansão. O próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) antevê um quadro de aceleração da inflação até ao final deste ano, sendo mais pessimista do que o Governo. A instituição multilateral aponta a uma inflação de 25,6%, quando o Executivo, no Orçamento Geral do Estado 2024 aponta a "apenas" 15,3% e o BNA estima 19%. Este "imposto escondido" que é a inflação tira valor ao dinheiro e tem efeitos negativos sobre o crescimento económico, já que quanto mais alta for mais retrai investimentos e diminui o consumo.

É por isso que, apesar de defenderem a retirada dos subsídios aos combustíveis que custam centenas de milhões de dólares aos cofres do Estado, vários especialistas admitem que é preciso alguma cautela para evitar um novo ciclo recessivo no País. Isto porque a população cresce a um ritmo anual de 3,1% e qualquer crescimento abaixo disto significa que o País está a criar mais pobres, já que a população que entra em idade activa para trabalhar não tem na economia um motor para a criação de emprego formal.

A contribuir para a subida dos preços em Janeiro esteve, essencialmente, a classe "saúde", que foi a que registou o maior crescimento dos preços, com uma variação de 3,1%. Seguem-se as categorias "bens e serviços diversos" com 2,9%, "alimentação e bebidas não alcoólicas" com 2,9% e "vestuário e calçado" com 2,54%.

Analistas atribuem a aceleração da inflação mensal nacional à queda nas importações, provocada não só pelo difícil acesso a divisas junto da banca, mas também ao facto de hoje a moeda nacional estar altamente desvalorizada face ao dólar e ao euro, o que acaba por encarecer os produtos e retrair a oferta. Isto porque a produção nacional é insuficiente para suprir a procura. É neste cenário em que a oferta é inferior à procura que os preços acabam por estar sempre a subir.

Leia o artigo integral na edição 763 do Expansão, de sexta-feira, dia 16 de Fevereiro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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