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Empobrecer não é glorioso!

EM ANÁLISE

A inflação constante faz com que o poder de compra das pessoas diminua, a desvalorização da moeda torna os produtos mais caros, a falta de investimento em infraestrutura prejudica o desenvolvimento do país, os impostos elevados sobrecarregam os cidadãos e o excesso de taxas (IVA, gasosas) dificultam a vida financeira de todos.

"Quando uma pessoa ou uma empresa gastam mais do que ganham, elas vão à falência. Quando um governo gasta mais do que ganha, ele te manda a conta" Ronald Reagan 40º Presidente dos EUA.

Com 22 anos estou na flor da idade. Quando nasci foi um dia de festa! Festa tão grande que só mais tarde percebi que há anos estiveram à espera que nascesse para se poder criar prosperidade. Eu, a Paz!

Soube mais tarde que, por altura do meu nascimento, fizeram-se discursos de esperança, desenharam-se políticas económicas, convidou-se o mundo para me ajudar a crescer (investimento estrangeiro) e quando fiz 5 anos vivia-se a bonança e continuava a festa de arromba. A família estava tão anestesiada com a minha presença que, com o dinheiro que havia para festas e champanhes, viviam- -se tempos de orgulho, principalmente entre 2007 e 2012, pois a taxa média de crescimento do PIB Real foi de 9,1% e o PIB per capita cifrou-se em 6.070 USD nominais.

Enquanto crescia, Eu a Paz, contaram-me histórias de investimento e que valia a pena assumir dívida externa, pois em causa estavam a construção de infraestruturas e instituições para que eu pudesse correr o país, estudar com qualidade e ter saúde assegurada. Nunca me explicaram que tipo de investimentos... mas aos meus olhos, vi prédios e mais prédios, não vi fábricas, vi hotéis e condomínios fechados tão bonitos a serem construídos, mas não vi autoestradas. As imagens de gente famosa na televisão eram tão deslumbrantes que só mais tarde percebi que os tais investimentos não eram produtivos e que, portanto, eram despesas que não criavam valor acrescentado nem emprego duradouro.

Na escola não aprendi muito, mas percebi que os pais reclamavam dos preços e dos demónios que deram nome de inflação e impostos. Engraçado..., que depois de "Eu, a Paz" nascer, começou uma explosão de natalidade a quem chamam de geração Z que, curiosos e com acesso à internet, aprendeu que os tais demónios que os pais falavam e que agora gritam não são nada mais do que de facto: A inflação constante faz com que o poder de compra das pessoas diminua, a desvalorização da moeda torna os produtos mais caros, a falta de investimento em infraestrutura prejudica o desenvolvimento do país, os impostos elevados sobrecarregam os cidadãos e o excesso de taxas (IVA, gasosas) dificultam a vida financeira de todos". Talvez seja essa a razão para estarem tão zangados já que o símbolo da "nossa riqueza" todos os anos torna as famílias mais pobres, ou melhor, em falência (dizem que é chique falar assim).

Quando entrei na adolescência não era a única que fugia à escola, até porque muitas colegas ficaram grávidas na minha idade, eu aproveitava para ir ganhar algum dinheiro na rua, já que em casa as reclamações dos demónios estavam cada dia mais violentas e os mais fracos (mulheres e crianças) eram sempre os que sofriam mais. Pois os "demónios" não são apenas uma questão económica, são o custo da dignidade. Eles, exercem também um impacto profundo na saúde física e mental das pessoas. Os demónios reduzem o acesso aos alimentos, à moradia digna, aos cuidados de saúde e contribuem para a deterioração da qualidade de vida das pessoas empobrecidas.

Na informalidade da rua, que era boa para ouvir histórias, percebi que havia sempre a expressão pobreza. Estranho porque quando nasci diziam que "eu" era a chave da riqueza e prosperidade, diziam que acabaria a dependência de recursos naturais como petróleo e minerais, que a agricultura seria mais segura para todos e o País seria menos vulnerável a flutuações nos preços do petróleo no mercado internacional.

Leia o artigo integral na edição 771 do Expansão, de sexta-feira, dia 12 de Abril de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)