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EXPANSÃO - Página Inicial

África

Os ecos da cimeira do clima dissolvem-se nos mercados, o petróleo continua a subir

Petróleo a 83 dólares o barril

Com o preço do barril do petróleo acima dos 80 dólares, no que é tido como o preço mais elevado nos últimos sete anos, parece que tudo o que se diz ou se escreve sobre acabar com os combustíveis fósseis é, no mínimo, contraditório. OPEP+ reúne esta quinta-feira e não deve ceder à pressão dos Estados Unidos para aumentar a produção para além do que estava previsto

Em vésperas da cimeira do clima em Glasgow, o Presidente dos Estado Unidos quase que falou em retaliações se a Rússia e a Arábia Saudita não cedessem em aumentar a produção petrolífera para responder à forte procura global e parar o aumento de preços do petróleo, hoje nos 83 dólares por barril.

Nada indica que a OPEP+, reunida nesta quinta-feira, 04 de Novembro, venha a alterar a sua prudente posição e deve manter o aumento de produção de 400 mil barris/dia a cada mês. Contrariando Joe Biden.

Os preços do petróleo acima dos 80 dólares por barril e os crescentes preços do gás natural na Europa e na Ásia são inquietantes e há mesmo quem avance que podem levar ao pico registado em 2008, quando os preços atingiram os 147 dólares por barril, é certo que a estes valores se seguiu uma crise financeira à escala global.

Sendo que hoje, os países produtores de petróleo, e depois de anos de gastos desadequados e uma falta crónica de investimento, estão a deixar a indústria petrolífera incapaz de responder à procura pós-pandémica, escapam, provavelmente, as monarquias do Golfo.

Para África, o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, defende que o gás natural continua a ser fundamental para a segurança energética e prosperidade económica, mesmo com o aumento da pressão política para acelerar a transição para os combustíveis fósseis.

Ainda que o gás natural seja menos poluente do que os outros combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo, é, ainda assim, responsável pela dispersão do metano, que contribui mais para o efeito estufa do que o dióxido de carbono.

Para os países africanos, nomeadamente Moçambique a Tânzania, a exploração de gás natural pode fazer toda a diferentes e é onde estão investidos mais de 50 mil milhões de dólares em projectos que envolvem a TotalEnergies SE e a Equinor ASA. No entanto, no Quénia, a rede eléctrica nacional é já 90% renovável, e em Angola, de acordo com a promessa deixada em Glasgow pelo Presidente João Lourenço alcançara, em 2025, os 70%.

Há níveis de desenvolvimento diferentes, há tempos diferentes para a transição energética, e tudo se faz no domínio global de enormes contradições.