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África

Três países africanos nos BRICS no ano em que presidência russa abre porta a 30 novos membros

EGIPTO E ETIÓPIA JÁ SÃO "MEMBROS DE PLENO DIREITO"

Criação de moeda única não deverá ser finalizada em 2024, tendo em conta a complexidade, mas presidência russa quer viabilizar sistemas alternativos de pagamento e desdolarização nas trocas.

Egipto e Etiópia entraram nos BRICS a 1 de Janeiro, dia em que a Rússia assumiu a presidência do bloco de economias emergentes, que passa a ter 10 membros, três dos quais são africanos. Arábia Saudita, Irão e Emirados Árabes Unidos completam o lote de cinco novos membros. A Argentina declinou o convite formalizado na 15ª Cimeira, realizada em Agosto, em Joanesburgo, durante a presidência da África do Sul, que chegou ao fim no dia 31 de Dezembro, dando espaço à Rússia que pretende aprofundar a agenda de construção de uma nova ordem multipolar e promover a desdolarização das transacções comerciais entre os países do Sul Global.

"Fortalecer o multilateralismo para um desenvolvimento e segurança globais equitativos" é o tema da presidência russa, como destacou o Presidente Vladimir Putin, no dia em que recebeu a presidência dos BRICS. Num discurso divulgado pelo Kremlin, Putin afirmou que "30 países estão preparados para aderir à agenda multidimensional dos BRICS" e que a presidência russa começará a "trabalhar nas modalidades de uma nova categoria de país parceiro" para reforçar o grupo, constituído pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, antes do alargamento.

"No total, mais de 200 eventos de diferentes níveis e tipos serão realizados em muitas cidades russas como parte da presidência. Encorajamos representantes de todos os países interessados em cooperar com a nossa organização a participarem neles. A Cimeira dos BRICS em Kazan, em Outubro, será o culminar da nossa presidência", declarou Putin, garantindo que não poupará esforços para "facilitar a integração harmoniosa de novos participantes".

Política e segurança, economia e finanças e contactos culturais e humanitários são prioridades da presidência russa, que pretende completar o trabalho feito durante a presidência sul- -africana para viabilizar sistemas alternativos de pagamento, promovendo a desdolarização, com o uso das moedas nacionais, como o yuan e o rublo, nas transacções internacionais, nas linhas de investimento e no crédito aos países participantes.

A robustez económica dos BRICS é mais evidente com a entrada dos novos membros. O grupo de economias emergentes detém hoje 42% da produção mundial de petróleo e 55% das reservas de gás natural, o que facilita os esforços de construção de uma nova ordem mundial multipolar e de um "modelo justo do sistema financeiro e comercial global", como frisou o líder russo.

A criação de uma moeda única não deverá ser finalizada em 2024, tendo em conta a sua complexidade, como referiu ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, o investigador Boris Zabolotsky.

O novo Presidente argentino declinou o convite para aderir aos BRICS. Três dias antes de a África do Sul passar a presidência à Rússia, Javier Milei endereçou uma carta ao grupo a informar que não pretendia integrar os BRICS, aptando antes por estreitar os laços com o Ocidente.