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Opinião

Empresariado nacional (2)

Editorial

Objectivamente temos de ter uma perspectiva mais micro da nossa actividade económica. O discurso do poder enche-se de referências aos grandes grupos, de projecções macro, de medidas estruturantes que nem os grandes contribuintes conseguem cumprir, num claro desfasamento entre aquilo que a legislação manda e a realidade do País. Parece que ninguém está a olhar para os pequenos e médios empresários, como se estes não fossem decisivos para o desenvolvimento económico da Nação.

A criação de um quadro legislativo do primeiro mundo juntamente com uma máquina fiscal predatória e arrogante, está a dar cabo dos empresários que não têm o número de telefone certo para resolver os seus problemas. Está também a generalizar uma prática de "gasosa" que prejudica o Estado, contribuiu para a informalização e cria desequilíbrios enormes naquilo que devia ser um ambiente de sã concorrência. E quer se queira quer não, está a engordar os grandes grupos que não sofrem destes "ataques", têm um estatuto que os põe a salvo destes esquemas, e caminhamos outra vez para a concentração da actividade produtiva em meia dúzia de mãos. E isso já está a ter custos enormes para todos.

Não tenhamos ilusões, e por muito que queira repetir o contrário, grande parte dos investidores institucionais olha para Angola com muitas reservas. O ambiente de negócios e a instabilidade da moeda são os dois grandes problemas que temos, a confiança é pouca e a capacidade de captar bom investimento, reprodutivo, é muito limitado. Por exemplo, na indústria petrolífera estão a ser dados enormes benefícios e benesses fiscais para segurar alguns investimentos, ainda não vi ninguém fazer contas de quanto isso vai custar ao País a médio e longo prazo, mas ainda assim estamos a ser ultrapassados por outros destinos.

Já o disse aqui várias vezes que é preferível ter mil empresas a facturar 100 milhões Kz, do que 5 empresas a facturar 20 mil milhões Kz. Gera mais emprego, gera mais receita para o Estado, contribui para divisão da riqueza entre os cidadãos, ajuda a justiça e paz social. No nosso caso, se estas 5 empresas tiverem uma forte componente de capital estrangeiro e capacidade de repartirem os seus lucros, então as mais valias da actividade económica em Angola está a alimentar os cidadãos de outras paragens.

Neste quadro, acho que seria inteligente olhar agora para o pequeno e médio empresariado nacional, pois é aqui que pode estar a solução para o nosso problema económico. Não olhar para eles como um "bando de marginais", que só querem enganar o Estado e a AGT, mas antes como um activo importante de todos. Será uma mudança de 180º graus face ao que acontece hoje, eu sei, mas é fundamental que aconteça. Já agora, se a contratação pública fosse menos direccionada também ajudava.

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