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Opinião

Jornalismo

Editorial

O jornalismo deve perseguir sempre a equidade e a verdade, tendo como objectivos maiores o serviço público de informar correctamente. No caso particular de Angola, deve também haver a preocupação do que é o melhor para o País. Esse melhor não pode ser definido por um grupo, mas deve ser assumido individualmente por cada um dos profissionais.

Está a gerar-se uma enorme confusão nos conceitos que devem reger a actividade de jornalista. Na essência, esta é uma função que exige espírito crítico, questionamento, diversidade de opinião, dar voz a todos, não esgotar a notícia na posição oficial, investigar, estudar as matérias e escrever ou falar, de acordo com a sua consciência, aquilo que é a sua percepção da verdade. Alguns resumem tudo isto a liberdade de imprensa, mas é mais do que isso. É um exercício de cidadania e um compromisso com todo o colectivo.

Não é possível misturar isto com comunicação institucional ou propaganda. Fazer "copy & paste" de um comunicado oficial e assinar a notícia, ir a uma conferência de imprensa perguntar o que lhe foi entregue pelos assessores do entrevistado, aceitar que as entrevistas sejam revistas antes da publicação, não fazer o contraditório com os envolvidos nas reportagens, adjectivar sistematicamente as referências a determinada situação ou pessoa, não é jornalismo. É comunicação institucional. E é por isso que todas as instituições têm os seus departamentos de marketing e comunicação para fazerem este trabalho, normalmente assegurados por ex-jornalistas, que, dominando as técnicas e tendo influência sobre alguns jornalistas no activo, acabam por alimentar esta confusão.

A prática de um jornalismo que se iguala à comunicação institucional tem levado a que muitos achem que essa é a forma correcta, muitas vezes pessoas e instituições acham que os comunicados de imprensa devem ser publicados na íntegra, ficam ofendidos se alguém pergunta, porque acham que o jornalista não existe para questionar, mas para servir de caixa de ressonância. Muitas vezes não respondem e depois de a notícia ser publicada vêm dizer que o jornalista não teve uma postura ética. Muitas destas instituições acham mesmo que se não responderem, então, não há direito à notícia e não vai haver publicação.

A propaganda persegue objectivos que são definidos por instituições ou pessoas, de acordo com as suas estratégias a cada momento. O jornalismo deve perseguir sempre a equidade e a verdade, tendo como objectivos maiores o serviço público de informar correctamente. No caso particular de Angola, deve também haver a preocupação do que é o melhor para o País. Esse melhor não pode ser definido por um grupo, mas deve ser assumido individualmente por cada um dos profissionais. O melhor para o País não é o que o serve pontualmente um determinado grupo, mas aquilo que contribui para o bem-estar de todos, enquanto Nação. Se todos tivermos essa convicção, que estamos a fazer o que achamos ser o melhor para o País, certamente que Angola será melhor e os angolanos serão mais felizes e terão uma vida melhor.

Hoje falo disto, porque é importante explicar qual é o nosso papel, qual é a nossa missão, para que não existam mal-entendidos. Nós fazemos jornalismo e vamos continuar a fazê-lo!

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