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Angola

Em três meses preços sobem 24% no mercado informal e 11% no formal

PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2024

Apesar da taxa de câmbio estar praticamente parada há vários meses, os preços da cesta básica continuam a aumentar. Para adquirir hoje, no mercado informal, a mesma quantidade de produtos é necessário mais 25.000 Kz do que era em Dezembro do ano passado.

Os preços dos produtos da cesta básica aumentaram 24% no mercado informal e 11% no formal, no primeiro trimestre deste ano em relação a Dezembro de 2023. A informação foi apurada pelo Expansão numa ronda feita na cidade de Luanda, comparando os preços entre a 2.º quinzena de Dezembro e a última semana de Março. As informações foram recolhidas nos mercados formais (Kero, Candando e Maxi) e informais (Catinton e Asa Branca).

No mercado informal, onde se registou o maior aumento nos preços, numa lista de 18 produtos verificou-se que para comprar o mesmo cabaz é preciso hoje mais 25 mil Kz do que há três meses. Destaca-se, entre os produtos seleccionados, a caixa de peixe carapau como o produto que mais encareceu o cabaz, com um aumento de 15 mil Kz (56%) desde Dezembro último, bem como o saco de arroz de 25 kg, que passou a custar mais 5.500 Kz.

Entre as maiores variações estão também a fuba de milho e de bombó, que são dos mais consumidos pela população angolana, com variações de 71% e 80%, respectivamete. Em marcha inversa, houve também produtos que tiveram os seus preços reduzidos, com destaque para o açúcar e o feijão manteiga. Por outro lado, constatou-se também preços que se mantiveram inalterados, como é o caso da batata e da massa esparguete.

Já no mercado formal, entre os 11 produtos seleccionados para o levantamento, entre os que mais cresceram destacam- -se o leite Nido e o frango congelado. No outro extremo, entre os preços que mais reduziram estão a fuba de milho e o feijão. (Ver tabelas)

A variação cambial é um dos principais factores que influência o comportamento dos preços do mercado. Passados 10 meses desde o início da desvalorização cambial, a moeda nacional já desvalorizou cerca de 40% face ao dólar e ao euro e os preços dos produtos alimentares foram acompanhando esta evolução que, combinada com a diminuição dos subsídios à gasolina, levou a uma grande perda do poder de compra das famílias.

Hoje, numa altura em que o kwanza está praticamente estagnado há oito meses, desde que ultrapassou a barreira dos 820 Kz por dólar, mesmo apesar da aparente estabilização cambial há já alguns meses, ainda se verificam aumentos em alguns produtos da cesta básica.

Apesar da aparente estagnação da moeda nacional, o mercado cambial ainda vem passando por um período de grande escassez de divisas e a procura não é satisfeita, o que impacta directamente nas importações. Estes factores em combinação com outros, como o baixo nível de diversificação de outros sectores da economia e a especulação de preços podem estar na base do comportamento dos preços verificado no último trimestre.

A realidade das famílias

Francisco, funcionário público de 28 anos opinou que, desde que o câmbio subiu, os preços estão cada vez mais elevados e continuam a subir a cada dia. Hoje o arroz, o óleo e outros produtos estão muito caros. "E o que é que o estado faz para mudar isso?", questionou. Quando questionado sobre a redução do preço de alguns produtos, declarou não sentir tal efeito já que se um produto baixa o outro sobe duas vezes mais, logo é como se os preços só aumentassem cada vez mais a cada dia.

Está cada vez mais difícil, a solução é "apertar o cinto". Os governantes não têm noção da real situação em que vivemos. Existem situações de pessoas a comprar meia cebola na praça, o óleo é medido em latas e vendido em pequenas embalagens, a coxa também já é vendida em pedaços, a massa esparguete é retirada do pacote, partida e vendida em medidas menores.

Leia o artigo integral na edição 771 do Expansão, de sexta-feira, dia 12 de Abril de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)