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Empresas & Mercados

Preço médio das habitações cai até 69% em dólares e dispara até 373% em kwanzas

O MERCADO IMOBILIÁRIO EM LUANDA ENTRE 2017 E 2023

A crise financeira e a desvalorização da moeda nacional que provocaram a saída de expatriados e de empresas do País continuam a pressionar, em baixa, o mercado imobiliário. A oferta de habitações e escritórios aumentou e a construção de centralidades e condomínios na periferia de Luanda também contribuíram para a queda dos valores em dólares.

Os preços médios do metro quadrado dos apartamentos e moradias na província de Luanda afundaram até 69% em dólares entre 2017 e 2023, mas dispararam até 373% se estas contas forem feitas em kwanzas, de acordo com cálculos do Expansão com base em dados de relatórios da consultora imobiliária Abacus sobre o mercado imobiliário nacional.

Em relação à venda de apartamentos novos, os preços caíram 69% na zona norte, Viana, Camama e Benfica, 39% na Luanda Sul/Talatona e 32% no centro da cidade. Mas se afundaram em dólares, por outro lado cresceram em kwanzas 54%, 205% e 240% respectivamente nas mesmas zonas. Nos usados os preços caíram até 63% em dólares mas subiram 136%.

Nas moradias a mesma tendência. O preço médio do metro quadrado de uma moradia nova nas três zonas do estudo caíram entre 5% e 54% em dólares e cresceram até 373% em kwanzas. Nas usadas os preços caíram entre 29% e 63% em dólares e subiram até 257% em kwanzas.

Ainda no segmento de habitação, os arrendamentos de apartamentos novos e usados viram o preço cair até 69% em dólares e crescer até 172% em kwanzas (ver página 4). No arrendamento de moradias a mesma tendência. Os preços caíram até 58% na moeda norte-americana e cresceram até 337%, nomeadamente nas moradias do centro da cidade, nalguns casos com rendas a rondar os 7 milhões Kz, o que compara com os cerca de 1,7 milhões que pagavam em 2017.

Quanto ao segmento de escritórios, aqui foi onde os preços menos caíram desde o ano em que João Lourenço deu início ao seu primeiro mandato. Na venda, entre novos e usados, os preços caíram em dólares até 23% e subiram até 368% em kwanzas. Já no arrendamento, o preço médio do metro quadrado caiu até 62% em dólares e disparou até um máximo de 207%, dependendo da zona.

Contas feitas, no sector habitacional, em termos de vendas os preços caíram até 69% em dólares e subiram até máximos de 373%. Já em termos de arrendamento, caíram 79% na moeda nacional e subiram até 337%.

São os efeitos da reforma cambial verificada no País desde 2018, já que em 2017 cada dólar valia 165,9 Kz e no final de 2023 valia já 828,8 Kz, o que equivale a uma desvalorização de 80% da moeda nacional. Mas se o câmbio justifica a subida dos preços em kwanzas, por outro lado a queda da procura está na base para a descida dos preços em dólares, de acordo com vários promotores imobiliários consultados pelo Expansão.

Antes de 2017, o imobiliário era dinamizado essencialmente por empresas do sector petrolífero, financeiro e de consultoria, mas também pela classe alta e média angolana e expatriados, nomeadamente quadros médios e superiores das empresas. O desinvestimento na indústria petrolífera de empresas estrangeiras que foram obrigadas a reduzir o seu pessoal teve um grande impacto na indústria imobiliária nacional, aumentando a oferta de imóveis e a consequente redução dos preços.

Naquela altura, de acordo com cálculos do Expansão com base no preço médio por metro quadrado que consta nos relatórios da Abacus, um T4 novo na baixa de Luanda com 300 metros quadrados custava cerca de 1,8 milhões USD. Sete anos depois, e após um ciclo de cinco recessões económicas consecutivas, um apartamento da mesma tipologia já custa 1,2 milhões USD, representando uma queda de 32%. Já uma moradia do tipo V4 nova, em Talatona, chegava a custar um preço médio de 1,3 milhões USD, no ano passado, enquanto o mesmo imóvel, em 2017, custava 1,4 milhões, uma quebra de 5,3%. Nos apartamentos e moradias usadas as quebras são maiores dependendo da zona. Note- -se que os preços caíram menos nas moradias do que nos apartamentos, em dólares.

Leia o artigo integral na edição 772 do Expansão, de sexta-feira, dia 19 de Abril de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)