Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Angola

No melhor cenário a refinaria do Soyo estará a funcionar apenas em novembro de 2025

Angola

O consórcio Quanten lançou a primeira pedra para a construção da refinaria na passada sexta-feira. É um projecto de raíz e, se não houver constrangimentos, demorará três anos e meio a entrar em funcionamento.

No melhor dos cenários, a refinaria do Soyo só poderá estar a funcionar no final de 2025, concordam os especialistas ouvidos pelo Expansão. A primeira pedra foi lançada na sexta-feira pela Quanten Consortium Angola, LLC mas ainda não se conhece publicamente o contrato entre as partes sobre a forma como se irá proceder este processo de construção da unidade. Recordar que esta entidade é um consórcio de empresas sediado em Londres, do qual fazem parte três empresas americanas TGT, Quanten, Aurum & Sharp, e a empresa de direito angolano Atis-Nebest, cujo rosto e sócio é Dionísio Viegas. Este consórcio tem 90% do capital da refinaria e a Sonangol mantém 10%. Na fase final da negociação do contrato, andou-se sobretudo à volta do financiamento, uma vez que o consórcio não "quer" avançar com capitais próprios para a construção, e está à procura de financiamentos na banca internacional.

Trata-se de uma refinaria que será construída de raiz, contrariamente ao que acontece em Cabinda onde a solução é modular, implicará um investimento perto dos 3,5 mil milhões USD (valor avançado pelo próprio consórcio quando foi conhecido o vencedor do concurso internacional) e terá uma produção de 100 mil barris/dia. De acordo com as características e dimensão da unidade, o tempo mínimo necessário para que possa entrar em funcionamento é entre três e três anos e meio, pelo que se tudo correr bem, ou seja, as obras arranquem efectivamente agora e não existam problemas de implantação ou de natureza técnica nos testes funcionamento, a refinaria do Soyo estará operacional e a produzir em Novembro de 2025.

A história da implanção desta refinaria começa em 2015, quando foi anunciada a sua construção por uma parceria entre a China International Fund (CIF), que tinha como accionista principal o chinês Xu Jingua "Sam Pa" e a Sonangol, mas que nunca se concretizou. Em outubro de 2019 foi aberto um concurso público internacional para a construção da unidade, tinha como primeira data para anúncio do vencedor 18 de Dezembro de 2019, sendo que teve uma primeira alteração no prazo para 31 de Março de 2020, justificado por ter havido um pedido nesse sentido de um "número considerável de participantes", "de modo a assegurar uma melhor qualidade das propostas", de acordo com um comunicado divulgado na altura pelo ministério. Na altura o prazo para a entrada em funcionamento da refinaria era o II semestre de 2023.

Pandemia

Com a declaração da pandemia da Covid-19 no início de 2020, a análise das propostas e o anúncio do vencedor foi novamente adiado, na altura por tempo indeterminado, apenas com a informação que havia 15 concorrentes. Este processo voltou a ter um momento para o anúncio público dos resultados, 1 de Março de 2021, mas sofreu novo adiamento, e finalmente foi anunciado a 15 de Março.

Em termos práticos, 15 meses depois da primeira data ficou a conhecer-se o vencedor, o Quanten Consortium Angola, LLC, à frente do consórcio CMEC (constituído pela China Machinery Engineering Corp e a DP Shail do sheik Hamad Bi Kkalifa Bin Mohammad Al Naia), da Gemcorp (que também concorreu ao Soyo) e da Satarem (uma empresa conhecida neste sector).

Cinco meses depois, na última semana de Agosto de 2021, foi dado mais um passo com a assinatura de um memorando de entendimento entre o consórcio e a Sonangol, oficializando a responsabilidade de construção da refinaria ao consórcio Quanten. Diga-se que a organização que serve de base a esta associação, é a Quanten LLC, sediada em São José nos Estados Unidos, uma empresa com bastante experiência na produção de energia, mas hoje mais vocacionada para a produção de energia solar no mercado americano.

Relativamente á Quanten Consortium Angola, tem uma equipa de liderança composta por cinco elementos, dos quais faz parte um angolano, Hildo Piedade, que é também CEO da Gemeas Corporation, uma empresa de consultadoria de direito americano sediada em Houston, que é sua e da mulher Elda Piedade, e que trabalha como facilitadora das relações entre empresários americanos e empresas angolanas.

De acordo com o que foi possível confirmar, é um antigo quadro da Chevron e que trabalha agora por sua conta. Tem como parceiro no nosso País a empresa TGT-A, Lda, constituída a 19 de Fevereiro de 2018 com um capital social de 100 mil Kz e um pacto muito abrangente que engloba quase todas as actividades, com duas quotas iguais de 50% em seu nome e da sua mulher.

Resumindo, o primeiro anúncio concreto da construção da refinaria, já com empresas participantes, aconteceu há sete anos, o concurso público internacional foi lançado há dois anos e meio, e no dia 13 de Maio foi lançada a primeira pedra. Sem imprevistos, a refinaria poderá estar a operar em novembro de 2025.