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"A relação entre a economia e as artes sempre foi muito delicada"

Isabel Apolinário

A sua actividade profissional é a direcção comercial de uma agência de turismo, a criação artística é apenas um "hobby". Isabel Apolinário foi ver uma exposição e acabou por ser convidada para fazer parte de outra. É uma das artistas que participa na exposição colectiva "Muhatu", na galeria Tamar Golan, em alusão ao Dia Internacional da Mulher.

A sua participação nesta exposição tem uma história muito curiosa. Conte-nos como surgiu?

Fui visitar uma exposição no Espaço de Arte e Cultura, e em conversa com os presentes falei do meu "hobby", mostrei algumas imagens do meu trabalho, e pelos vistos gostaram. Amavelmente perguntaram-me se estaria interessada em expor e aceitei. Depois foi preparar o material para o evento.

Já tinha as peças feitas ou teve de as produzir para esta amostra?

Algumas já as tinha criado ao longo dos tempos, mas outras, fiz especialmente para esta exposição.

Trabalha fundamentalmente com pintura em cascas de palmeira. O que a atraiu nesta forma de expressão artística?

O desafio de dar vida a um elemento que se desprendeu do seu elemento natural e que normalmente é tratado como lixo.

Como é que as mulheres se vão sentir homenageadas com a sua criação artística neste mês dedicado a elas?

Sendo as mulheres o símbolo do nascimento e da criação, qualquer acto de arte que é igualmente um acto de criação e nascimento é já, por si só, uma homenagem à mulher.

Para si a arte é um "hobby". Como concilia com a sua actividade profissional?

Sim, a pintura é um hobby que me ajuda a descontrair do stress do dia-a-dia. Dedico-me a ela apenas nos meus tempos livres. E é possível conciliar com a minha ocupação profissional.

Como está a sua agenda de trabalho para 2021, no meio dos efeitos desta pandemia?

Espero que a minha actividade profissional, o turismo, retome em força e rapidamente. Seria sinal que teríamos conseguido combater o vírus e que a nossa vida estaria a retomar a um ritmo "mais normal". Entretanto, estarei o mais recatada possível em teletrabalho aproveitando os momentos livres para pintar e transformar cascas de palmeira em obras, que espero se tornem arte.

Os seus filhos acompanham o seu trabalho, interessam-se pelas suas obras?

Tenho uma filha que me apoia muito e que acompanha os meus trabalhos, a quem peço conselhos, sugestões e com quem troco ideias. Ainda está estudar, terá que fazer o caminho dela independentemente do da mãe.

É uma pessoa poupada?

Tento ser. Tento gerir a minha vida com equilíbrio.

A economia e as artes têm uma relação difícil nos tempos modernos. Como olha para esta questão?

A relação entre a economia e as artes sempre foi bastante delicada, já que os artistas não prescindem da sua liberdade criativa e de pensamento, enquanto os economistas/empresários tendem a ter essas actividades como pouco relevantes na economia dos países. Embora a expressão artística seja também um factor de afirmação da identidade de um País. As indústrias criativas e culturais além de nos trazerem entretenimento e de nos encantarem pela sua beleza e criatividade, seja qual for o tipo de arte que se fale, são sem dúvida muito importantes na construção de uma sociedade mais compreensiva, aberta e consciente, levando à reflexão sobre a formação da identidade das nações e dos indivíduos.

(Leia a entrevista integral na edição 615 do Expansão, de sexta-feira, dia 12 de Março de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)