José Maria Neves, eleito à primeira volta nas presidenciais de 17 de Outubro, com 51,8%, toma posse no dia 9 de Novembro, numa cerimónia para a qual foram convidados os chefes de Estado e de governo da Comunidade Económica dos Estado da África Ocidental (CEDEAO) e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O ex-primeiro-ministro cabo- verdiano, entre 2001 e 2016, promete ser um "Presidente aberto a todas as sensibilidades políticas e sociais" e "um factor de construção" de consensos. "O essencial é trabalhar com todos", quer nas ilhas quer na diáspora para fazer "face aos desafios com que Cabo Verde se confronta neste momento", afirmou à Lusa, após a sua eleição.

José Maria Neves assume a presidência após um ano económico difícil, em que Cabo Verde teve a segunda pior taxa de crescimento de África Subsariana (-14,8), segundo o FMI, só superada pelas Maurícias (-14,9), outra economia africana muito dependente do turismo, um dos sectores que mais se ressentiu da pandemia da Covid-19.

O escritório das Nações Unidas (ONU) em Cabo Verde considerou "exemplares" as presidenciais de 17 de Outubro, por colocarem em evidência o alto patamar da maturidade da democracia cabo-verdiana, pelo nível de evolução expresso na posição dos cidadãos e do "Estado de Direito".

Com 51,8% dos votos, José Maria Neves, apoiado pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), derrotou o candidato Carlos Veiga, também ex-primeiro-ministro, apoiado pelo Movimento para a Democracia (MpD) e pela União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), que obteve 42,6% dos votos. Um total de sete candidatos concorreram às presidenciais, um facto inédito no arquipélago.

José Maria Neves é o quarto presidente eleito em Cabo Verde, sendo o segundo apoiado pelo PAICV. Depois de Aristides Pereira, que foi o primeiro Presidente do país e que governou até 1991, o primeiro presidente eleito em contexto de multipartidarismo foi António Mascarenhas Monteiro, do Movimento para a Democracia (MpD), que governou até 2001. Em Março do mesmo ano, o PAICV recuperou a presidência através da eleição de Pedro Pires, que governou até 2011, ano em que ocargo voltou a ser ocupado por um político do MpD, com a eleição de Jorge Carlos Fonseca, que termina o seu segundo mandato.

O PAICV reconquista a presidência, 10 anos depois. No entanto, a nível legislativo e governamental, está na oposição, já que o MpD venceu as legislativas de 18 de Abril de 2021, renovando o mandato do primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.