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Opinião

BYD vs Tesla e a encruzilhada económica mundial

CONVIDADO

Quanto mais cedo a maioria seguir os bons exemplos mais probabilidade haverá de se acabar com as guerras.

Em 2012, quando lhe perguntaram sobre o fabricante de carros chinês BYD, Elon Musk, CEO da Tesla, deu uma gargalhada. No I semestre de 2022, a BYD ultrapassou a Tesla em vendas e tem sido líder na inovação e fabrico de carros elétricos. Ao contrário de Musk, que desdenhou o concorrente, Warren Buffett, o maior e melhor investidor americano de todos tempos, com o seu pragmatismo e pensamento conservador, soube reconhecer o valor da BYD e tornou-se um dos seus investidores de referência. Warren está a ser recompensado. Musk teve de engolir a arrogância e construir à pressa a segunda fábrica da Tesla na China.

Este exemplo mostra que a arrogância e soberba não são boas conselheiras quando se tomam decisões de investimento. A perseverança e paciência dos empresários chineses revela-se na sua capacidade em investir a longo prazo na pesquisa, desenvolvimento e inovação para a produção de bens de consumo para o mercado internacional. Ao contrário de numerosos empresários americanos que gastam centenas de milhões em megalómanos planos futuristas, como viajar para Marte, ouro dos tolos, como bitcoins, e foguetes para verem a curvatura da terra por alguns minutos.

Os gastos supérfluos desses empresários são suportados por milhares de milhões de USD gerados por capitais aplicados em activos improdutivos nos mercados financeiros e o paliativo financeiro criativo da Reserva Federal e do Banco Central Europeu, como o "Quantitave Easing", que, na verdade, não é mais do que a emissão eletrónica de dinheiro em quantidades significativas, usado para a compra indirecta pelo Estado, de títulos de dívida de grandes empresas, que, de outra forma, teriam de decretar falência.

O resultado dessas políticas financeiras durante anos a fio está bem à vista, na inflação galopante registada nos EUA e na Zona Euro, durante o II semestre de 2022. Enquanto a China, Índia, Coreia, Indonésia, Brasil e outros países emergentes contribuem com uma fatia cada vez maior para a produção industrial, a Europa e os EUA contribuem cada vez menos e emitem mais moeda. Em 2019, os EUA e a União Europeia contribuíram com 17% e 10%, respectivamente, para a produção industrial mundial.

As reservas em moeda externa dos bancos centrais no mundo cifravam-se em 60% em USD e em 20% em euros. Os bancos centrais dos países fora da zona euro-dólar acumulam cada vez mais moeda, que corresponde a cada vez menos produtos para comprarem. A situação é mais desvantajosa para os países que têm as reservas em USD, praticamente sem receberem juros, mas quando emitem dívida titulada em USD têm de pagar juros que podem chegar a 10%, como é o caso da dívida em eurobonds emitida por Angola.

(Leia o artigo integral na edição 686 do Expansão, de sexta-feira, dia 05 de Agosto de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)