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Universidade

Finalistas do ISPEKA e ISPA obrigados a pagar cerca de 500 mil Kz pela defesa de fim do curso

VALORES NÃO COBREM CUSTOS E VÃO SUBIR AINDA MAIS, DIZEM INSTITUIÇÕES

"Nas instituições públicas há regulamentação, já nas privadas é muito difícil controlar porque não estão submetidos a qualquer regra, tirando o controle das propinas", admite José Luís Alexandre director nacional do Ensino Superior.

Os finalistas do Instituto Superior Politécnico Kalandula (ISPEKA) e do Istituto Superior Politécnico Atlântida (ISPA), em Luanda, são obrigados a pagar mais de 500 mil Kz para cobrir custos com a confirmação de matrícula, declaração com notas, monografia, beca, diploma, certificado, canudo e a cerimónia de outorga como condição para se tornarem oficialmente licenciados. Segundo apurou o Expansão, estes valores são cobrados por quase todas as instituições privadas do ensino superior, mas estas são as instituições com maior número de queixas de estudantes.

O director nacional do Ensino Superior, José Luís Alexandre, revelou ao Expansão que o assunto é do conhecimento do Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) e aponta a falta de uma tabela de preços que regulamente os custos destes serviços como a causa principal que leva as instituições privadas de ensino superior a cobrarem elevadas somas de dinheiro.

"Nas instituições públicas há regulamentação, já nas privadas é muito difícil controlar porque não estão submetidos a qualquer regra, tirando o controlo das propinas", declara o director, que manifestou preocupação sobre o facto de haver aproveitamento por parte de muitas instituições privadas.

Se no ano académico 2024- -2025 estudar numa universidade privada custava, em média, 1,3 milhões Kz por ano, como foi divulgado pelo Expansão em Março, actualmente, fazendo cálculos em função das mudanças registadas, o valor cobrado para se defender o trabalho de fim do curso representa 62% do valor total dos custos de um ano de estudo em relação ao anterior ano académico.

No Instituto Superior Politécnico Kalandula (ISPEKA), localizado no município de Camama, os finalistas denunciam o facto de a instituição estabelecer emolumentos que rondam os 400 mil Kz, mas, na prática, revelam estudantes, os valores ultrapassam esse montante pelo facto de alguns preços se encontrarem em actualização. Outra denúncia diz respeito à obrigatoriedade de adquirir a beca na instituição.

"Tenho o meu irmão que já estudou aqui. Para reduzir custos com a defesa do fim do curso, pretendo usar a beca dele, mas a instituição não permite e está a obrigar todos os finalistas a pagarem por isso", revelou um estudante ao Expansão.

Já o Instituto Superior Politécnico Atlântida (ISPA), localizado no município de Talatona, cobra um total de 500 mil Kz a cada um dos estudantes que integram o grupo de finalistas que vai defender o trabalho, valor que serve para pagar ao tutor, fazer a defesa e pagar a beca. A instituição não aceita que um estudante defenda sozinho o trabalho. No entanto, abre possibilidade para pagamento em prestações, de acordo com as condições financeiras do estudante.

"Ouve-se que o valor a pagar por cada estudante vai subir para 600 mil Kz. Este valor está a fazer-me ficar anos e anos sem defender. Terminei o plano curricular em 2022 e estou desde aí a juntar dinheiro para finalmente defender", disse um finalista, agastado com os custos da defesa do trabalho de final de curso, que estão a atrasar a sua entrada no mercado de trabalho.

Apesar de ser elevado para os estudantes, fontes ligadas às instituições de ensino superior visadas revelaram que o valor cobrado cobre de forma modesta os custos, não sobrando quase nada para a instituição.

"O valor serve apenas para pagar aos membros que fazem parte da mesa de júri e não sobra nada para a instituição. Concordamos, sim, que o valor é alto e os estudantes têm razão de reclamar, mas a nossa instituição cobra barato, se comparado com outras universidades", revelou a fonte.

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