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Nos dias que correm tornou-se mais difícil ser artista de intervenção

MC K

Katrogi Nhanga Lwamba, de nome artístico MC K, prepara 5ª álbum a ser lançado em Maio deste ano. "Vai ser um álbum de esperança", mais estético e mais acústico, promete. Katrogi também fala dos cancelamentos e revela que é mais difícil ser artista de intervenção nesta altura.

Está agora a preparar o quinto álbum intitulado "Sementes", que vai ser lançado já em Maio. O que pretende colher com estas sementes?

O Sementes é um álbum de esperança. É um álbum que vai reflectir todo o drama que estamos a viver hoje. Tudo aquilo que o dia-a- -dia produz e oferecer caminhos alternativos de como sairmos desta situação de precariedade. Caminhos de como os jovens podem construir pautas que não dependam da bipolaridade UNITA e MPLA e como nós, a sociedade civil, podemos nos colocar como autores fundamentais na tomada de decisões através das nossas opiniões, das nossa acções, dos nossos programas e das nossas metas traçada. Ou seja, devemos ser nós, os jovens, as nossas universidades, a nossa sociedade, a ditar o nosso futuro e não esperarmos ofertas políticas que o façam.

Transformação social?

A ideia é de nos colocarmos num lugar de uma semente. Uma coisa pequena, que pode ter o tamanho de um grão de areia e ter feitos na magnitude de um embondeiro. Sementes é exactamente isso: falar de processos, procedimentos, que levam o caminho da mudança, da esperança e da construção de um País diferente.

Quando é que começou a ser produzido?

Comecei a trabalhar o álbum em Julho do ano passado. Não tivemos um interregno, estávamos na situação pandémica e fazíamos músicas, que estão disponíveis no Youtube.

Estas músicas entram também neste álbum?

Não. O álbum é só de inéditas. Estas músicas foram só para o momento da pandemia. Foram temas soltos. Eventualmente uma pode entrar como bónus track. Mas não foram músicas concebidas a pensar no álbum Sementes.

O que se pode esperar em termos de colaborações?

Este é um álbum diferente, onde pretendo expor mais artistas (como é o conceito da semente). Artistas pequenos no nome, mas enormes na dimensão artística. Há, por exemplo, uma artista do Lubango, chama-se Olinda Simeão, que participou neste álbum, é extraordinária num tema dirigido pelo Daniel Nascimento. A música chama-se Mercados Aéreos e fala sobre a situação das senhoras que vendem nas pedonais, um tema muito interessante. A música tem guitarra do Mário Gomes, com bateria acústica do Omar, piano de Nino Jazz e um sample de um produtor norte-americano. Tem vertente que muitos álbuns não tinham. Tem músicas com elementos acústicos muito fortes.

Vai ser um álbum mais estético e muito mais elaborado?

Sim. Com uma preocupação estética e rítmica mais rica. Quando falo de estética estou a referir-me à construção frásica, figuras de estilo de modo geral, de provérbios, de beleza textual e a nível de poesia. Este álbum vai ser mais poético. Vai trazer uma métrica completamente diferente. É um álbum muito volátil a nível de sonoridade, ou seja, não vai ter uma sonoridade muito concentrada. Vai ser uma tradução daquilo que eu ouço como pessoa. Vai ter sonoridades muito desassociadas ao tradicional Boom Bap, que é a nossa grande marca do RAP, vai ter Boom Bap também, mas vai se passear um bocadinho mais.

Os traços de africanidade não se vão perder neste álbum?

Isso vai ser característico. Se não for numa palavra, vai ser num instrumento e se não for num instrumento, vai ser na própria história. E por falar nisso, há um refrão muito bonito em Umbundu feito pelo Tio Hossi, que é um artista extraordinário do Huambo. Um artista pequeno no nome, mas grandíssimo na profundidade. Há também um artista de Cabinda. Lá está, na verdade, é um álbum de dimensão nacional a nível de participações. Tem a Olinda do Lubango, o Tio Hossi do Huambo, o Dino Ferraz, que é daqui [Luanda]. Tem o Resoluto, que é um dos meus artistas favoritos da actualidade, é um rapper de Cabinda, que nasceu na Lunda Sul.

E artistas estrangeiros?

Vai ter só artistas angolanos. O único estrangeiro é o Nelson Pontes, um artista gráfico brasileiro, que fez a capa do álbum. Tem o Sidjay, que é um artista novo do estilo R&B e RAP, pertence ao grupo Flava Sava. Tem o Oliver LR (instrumentista), o Loromance, um rapper e Reggae Month. Tem também uma miúda estreante, que é Eliane Menezes. Esta foi a estratégia do álbum, pegar artistas pequenos no nome, mas com inquestionável qualidade artística.

Leia o artigo integral na edição 765 do Expansão, de sexta-feira, dia 01 de Março de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)