Operações com Multicaixa Express duplicam e já valem 59% das transacções da rede
Dificuldades dos bancos para manutenção e carregamento dos ATMs, elevado tempo de espera nos balcões e as facilidades que o Multicaixa Express traz ao cliente bancário na realização de pagamentos estão entre os principais factores que evidenciam que está a ocorrer uma revolução no perfil dos clientes bancários.
As operações com o Multicaixa Express quase duplicaram no primeiro semestre deste ano ao registar um crescimento 94% para 895 milhões de operações face ao período homólogo, que resultaram na transacção de mais de 8 biliões Kz, de acordo com cálculos do Expansão baseado nos relatórios mensais publicados pela Empresa Interbancária de Serviços (EMIS).
As operações realizadas neste canal representam 59% do total, enquanto os valores movimentados valem 41% do global. Líder no número de operações desde 2023, o Multicaixa Express segue também como o canal que mais movimenta dinheiro na rede depois de ter ultrapassado os caixas automáticos no primeiro trimestre deste ano.
O Multicaixa Express é um canal mobile interbancário que permite associar um conjunto de cartões multicaixa à aplicação móvel Express. O aplicativo permite aos clientes bancarizados (com acesso a um cartão) pagamentos, transferências bancárias, consultas, pedido de levantamentos sem cartão, ou gestão de cartões, através de um telemóvel.
Assim, os números indicam que a preferência pelo uso dos canais digitais continua a aumentar no seio dos clientes bancários, o que demonstra que apesar dos receios sobre a segurança do sistema que têm originado preocupações aos utilizadores, há uma alteração no perfil do cliente bancário e uma maior penetração dos canais digitais no mercado como soluções para facilitar as transacções, permitindo celeridade nas operações, bem como para dar resposta aos constrangimentos encontrados em vários serviços, como as enchentes nos ATM"s, as filas e muito tempo de espera para pagamentos de serviços públicos.
Para o presidente da Associação Angolana de Defesa do Consumidor de Serviços e Produtos Bancários (ACONSBANC), Nelson Prata, este cenário é motivado por vários factores, entre estes, as dificuldades que os bancos ainda apresentam para manutenção e carregamento dos ATMs. "Nos últimos dois anos verificou-se uma correria por parte dos bancos comerciais em instalar os ATMs Centers nos vários pontos da cidade de Luanda. Mas, não obstante o aumento do número de ATMs, não houve este acompanhamento do ponto de vista do carregamento. Ou seja, aumentou o número de ATMs, mas continuam a ser ATMs sem dinheiro. Há pouca disponibilidade de dinheiro, em função da incapacidade dos bancos de fazerem a manutenção recorrente do ponto de vista do carregamento" explicou.
O responsável acrescentou ainda que, havendo cada vez menos disponibilidade de dinheiro nos ATMs, os clientes viram-se obrigados a arranjar meios alternativos para a continuidade das suas actividades.
Outro factor, de acordo com Nelson Prata, é o elevado tempo ou número de horas que os clientes têm de enfrentar nos balcões ou agências bancárias, principalmente quando se tratam dos maiores bancos que possuem uma quota de mercado mais significativa e que, em geral, não conseguem fazer um movimento, transferência, ou levantamento de dinheiro no caixa num tempo inferior a uma hora. O tempo médio de espera vai entre 45 minutos a duas horas. Estes aspectos negativos levam o cliente bancário a procurar fontes ou meios alternativos para continuarem a ter acesso ao dinheiro e honrar no tempo previsto as obrigações.
Mas existem também aspectos positivos que justificam este aumento do ponto de vista da preferência dos clientes bancários, como a idade média dos clientes bancários. Falamos de jovens entre os 18 e 30 anos, que já tem um outro nível de instrução, o que facilita o acesso às várias ferramentas digitais, ou seja, o perfil do cliente bancário nos últimos 5 ou 10 anos tem vindo a alterar- -se substancialmente.
Portanto, continuou, estamos a sair de um perfil do cliente bancário que tinha alguma desconfiança nas ferramentas digitais, do Internet Banking ou do Home Banking, e hoje temos um perfil que tem preferência em aceder a sua conta por via de um smartphone já que estes têm mais acesso à Internet e um outro nível de escolaridade.
Leia o artigo integral na edição 834 do Expansão, de Sexta-feira, dia 11 de Julho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)