Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Angola

Só há margem para aumentar impostos em Angola "atacando" o mercado informal

TESE DE DOUTORAMENTO DE FRANCISCO PAULO APONTA EXCESSO DE ISENÇÕES FISCAIS

"A solução não é aumentar a taxa", mas sim o Governo "criar condições para que mais empregos formais sejam gerados", defende investigador da UCAN. Francisco Paulo nota que o aumento sucessivo da taxa do IRT "só sufoca os pouco mais de 2 milhões de trabalhadores com emprego formal".

Há margem para aumentar o nível de arrecadação fiscal em Angola, não com o aumento das taxas dos impostos, mas alargando a base tributária, com a formalização dos operadores informais, defende o economista Francisco Paulo, cuja tese de doutoramento incidiu sobre a tributação em África (entre 2008 e 2021) e as reformas fiscais em Angola, desde 2011.

"No caso do rendimento do trabalho, mais de 80% dos empregos (cerca de 10 milhões de pessoas) estão no mercado informal. Imagine o nível de arrecadação que o país teria se esses empregos fossem formalizados com as devidas condições e salários dignos", observa o investigador do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola ao Expansão.

"Infelizmente, o aumento sucessivo da taxa do IRT só sufoca os pouco mais de 2 milhões de trabalhadores com emprego formal. A solução não é aumentar a taxa, mas sim o Governo, enquanto entidade coletiva, criar condições para que mais empregos formais sejam gerados pelas micro, pequenas, médias e grandes empresas", resume.

O estudo de Francisco Paulo, que abarca 50 países africanos num período que vai de 1980 e 2021, aponta para uma correlação entre cobrança de impostos e a democracia. Nos países onde existem instituições "funcionais e eficientes" há uma maior mobilização de receitas fiscais, porque "inspiram confiança nos contribuintes".

Com mais confiança, os contribuintes "estão mais dispostos a pagar impostos, pois sabem que serão bem utilizados", o que se reflecte na "qualidade dos bens e serviços públicos proporcionados".

Correlação positiva até determinado limiar

Isto significa que "à medida que os impostos aumentam nos países africanos, os níveis de democracia seguem o mesmo ritmo, sugerindo uma correlação positiva até um determinado limiar, após o qual os índices de democracia diminuem, conclui Francisco Paulo, que defendeu a sua tese de doutoramento em economia, com distinção, no dia 25 de Março, em Lisboa.

O estudo foi orientado pela macroeconomista Alexandra Ferreira Lopes e pelo econometrista Luís Filipe Martins, ambos professores associados no ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa.

O limiar "está entre 26 e 27% do PIB, claramente superior ao rácio médio das receitas fiscais/PIB observado no continente, que foi de 14%". Isto significa que, sendo o continente com o menor nível de arrecadação fiscal, ainda há margem para aumentar impostos e esperar que isso seja acompanhado por elevados níveis de democracia.

Leia o artigo integral na edição 829 do Expansão, de Sexta-feira, dia 05 de Junho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo