Primeiro voo de carga que aterra no novo aeroporto só vai chegar na próxima semana
A inauguração das operações de carga deve acontecer até ao próximo dia 8 de Dezembro. O comboio que liga o novo aeroporto ao centro da cidade também não está a funcionar. O concurso para a gestão já está a decorrer.
Quatro semanas depois da inauguração ainda não iniciou a operação de carga no Aeroporto Internacional Dr Agostinho Neto (AIAN). De acordo com o que o Expansão apurou poderá acontecer na próxima semana, uma vez que as pistas estão preparadas e o órgão provisório de gestão, a ATO, garante que as equipas estão prontas. A programação aponta para que até à próxima sexta-feira, 8 de Dezembro, se possa inaugurar a operação comercial. Existe a convicção que, depois da primeira operação, pouco a pouco, irá garantir a regularidade necessária para as necessidades actuais do País, o que pode acontecer a partir de meados de Dezembro.
Para que isto aconteça é necessário que transfiram alguns dos meios que estão hoje no Aeroporto 4 de Fevereiro, o que tem vindo a ser feito, ao mesmo tempo que é necessário mudar de procedimentos e ultrapassar algumas barreiras nas pessoas, uma vez que os diversos operadores estão habituados a trabalhar no centro da cidade. Não será certamente uma mudança fácil, mas, de acordo com os responsáveis, deve fazer-se com a maior brevidade possível.
Este atraso não compromete o cronograma de mudança dos voos domésticos para o AIAN, que mantém o mês de Março como data para o início da operação de passageiros naquela infraestrutura. Acrescente-se que hoje já trabalham diariamente no novo aeroporto cerca de 2.200 pessoas, sendo que a maioria mora naquela zona e apenas um pouco mais de uma centena se desloca do centro da cidade.
O comboio que liga o centro da cidade ao AIAN, que trouxe o Presidente da República para a cerimónia da inauguração, também nunca mais circulou. A justificação pode ser a falta de utentes que justifique a circulação, mas é certo que a partir de Março vai ter de estar operacional e com ligações regulares, hora a hora, para garantir o transporte dos passageiros dos voos domésticos. Algumas das quatro estações desta linha também ainda não estão completamente prontas e aptas para receber passageiros.
Concurso internacional
Entretanto foi publicado o decreto executivo que define as condições de acesso às peças do procedimento do concurso público para a concessão do direito de exploração, gestão e manutenção do novo aeroporto, e que define o preço de 75 mil USD para que os interessados possam entrar na corrida.
O acesso às peças do concurso público depende deste pagamento prévio, com comprovativo de depósito ou transferência, sendo que, para os residentes cambiais, o pagamento será feito em kwanzas, aplicando-se a taxa de câmbio do dia do pagamento publicada pelo BNA. Este valor não é reembolsável.
Relativamente aos potenciais interessados, a empresa pública brasileira Infraero, de acordo com o que o Expansão apurou, poderá não concorrer por não se sentir motivada com as condições da nova infraestrutura, apesar das conversas tidas aquando da visita do Presidente Lula da Silva. Uma fonte junto da gestão do novo aeroporto explicou que os brasileiros estariam interessados em fechar um acordo de consultadoria com o governo angolano para acompanhar o processo de implantação e acompanhamento deste concurso, e não eram verdadeiramente candidatos a ficar com a gestão e exploração do AIAN. Esse acordo de consultadoria também não foi rubricado.
A expectativa é que possam aparecer grupos internacionais de referência para rentabilizarem a infraestrutura, sendo necessário, no entanto, alterar uma série de constrangimentos (ver Expansão n.º 751), e até ao momento apenas a questão dos vistos foi resolvida. Embora não exista um grande operador norte-americano, é de prever que um consórcio deste país possa concorrer, tendo em atenção aquilo que são hoje as relações económicas entre os dois países.
Entre os possíveis candidatos à gestão do AIAN fala-se do grupo Vinci, que gere o Aeroporto Internacional Humberto Delgado em Lisboa e os quatro aeroportos internacionais de Cabo Verde, o grupo alemão Frapor, que gere 31 aeroportos em quatro continentes, e a empresa que gere o aeroporto internacional do Dubai, Dubai Airports Company.