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Angola

Refinaria Cabinda "afinal" só começa a funcionar no final de 2023

João Lourenço na Angola Oil & Gas

O presidente da República voltou a adiar o prazo da entrada em funcionamento da 1º fase da refinaria de Cabinda, tendo apontado agora o final do próximo ano, 2023. Recorde-se que na entrevista colectiva de 6 de Janeiro deste ano João Lourenço tinha avançado como data o final do 1º semestre de 2022, depois em período de pré-campanha apontou o final deste ano, e agora estende o prazo por mais doze meses.

Mas afinal o que está a atrasar o processo? Não há uma posição oficial, mas todos os envolvidos no processo ouvidos pelo Expansão confirmam que se deve ao facto de a Gemcorop não ter avançado com os pagamentos que estavam programados, algo que o Expansão já tinha escrito em Maio quando explicou que podia inclusive haver uma alteração da estrutura accionista, o que ainda está em cima da mês. Mas para isto acontecer seria necessário o surgimento de um parceiro internacional interessado em investir, uma vez que a Sonangol também reconhece que no estado em que se encontram nas suas finanças, não pode avançar sozinha neste momento. A empresa nacional já terá feito um primeiro esforço financeiro com o pagamento da tranche que permitiu o envio dos primeiros equipamentos para Angola, algo que deveria ter sido feito pela Gemcorp. Também há dificuldades de entrega de alguns equipamentos em aço nos mercados internacionais, nomeadamente os tanques.

É importante recordar que se trata de uma pequena refinaria modelar, de implantação simples, sem necessidade ao recurso de grandes obras de construção civil contrariamente ao que tem que acontecer nos projectos da refinaria do Lobito ou do Soyo. Por isso parece estranho este adiar constante, apesar dos argumentos da Gemcorp evocarem limitações de movimentação de capital resultantes das sansões impostas pelas instituições europeias e americanas em consequência da guerra da Ucrânia, uma vez que os seus fundos são maioritariamente de origem russa.

Este é um projecto que se arrasta já há vários anos, sem que na verdade se tenha a certeza quando acaba. A Gemcorp entrou no processo a 30 de Outubro de 2019 com lhe foi entregue por adjudicação directa 90% da refinaria, sendo que na altura o custo estimado era de 300 milhões USD e o prazo para a término da primeira fase de 18 meses, ou seja Abril de 2021. Passou depois para um custo de 470 milhões USD e um prazo de entrada em funcionamento o final desse mesmo ano. Em outubro de 2020 foi anunciado que afinal ia custar 920 milhões USD, ao que se juntavam mais 30 milhões USD para a construção de dois piplines de gasóleo da refinaria para o Terminal Oceânico de Cabinda, e o prazo passou para o final do 1º trimestre. Depois foi sendo alargado em momentos diferentes até este novo prazo anunciado por João Lourenço no discurso de abertura da conferência.

Relativamente às outras duas refinarias, o presidente fez saber que a refinaria do Soyo está neste momento numa fase de preparação do terreno, estando a serem finalizados os estudos de envolvente financeira necessária para que possa assinar o contrato de financiamento. A Quantum que lidera o consórcio que vai construir e gerir a refinaria, já tinha feito saber que não estaria disposta a avançar com capitais próprios para esta obra e que estava nos mercados internacionais á procura de financiamento.

Esta é uma refinaria de raiz, tem um custo estimado de 3,5 mil milhões USD para uma produção estimada de 100 mil barris/dia, e um prazo de construção aproximado de três anos e meio, pelo que na melhor das hipóteses só estará operacional no segundo trimestre de 2026. Já relativamente à refinaria do Lobito, um projecto que poderá custar cerca de 5 mil milhões USD, de acordo com o presidente da República foi assumido na totalidade pela Sonangol, que está nesta altura a fazer estudos de optimização das infra-estruturas a instalar e a finalizar os estudos de engenharia. Tal como o Expansão já tinha anunciado, a empresa nacional está a aberta à entrada de um parceiro internacional que tenha experiência e capacidade de investimento.