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Economia

Crédito sobe 2,5%, no I trimestre com Millennium Atlântico a liderar o ranking dos 5 maiores

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O rácio de transformação crédito/depósitos cresceu de 20,6% para 22,5%, um crescimento que resulta essencialmente da queda dos depósitos. Mas a aposta no crédito é ainda insuficiente para as necessidades do país.

Os bancos comerciais angolanos que até à tarde da passada quarta-feira tinham os balancetes do primeiro trimestre deste ano disponíveis nos seus websites tinham uma carteira de crédito avaliado em quase 2,2 biliões de Kwanzas, um avanço de 2,5%, com o Banco Millennium Atlântico (BMA) à frente da lista que tradicionalmente é liderada pelo BIC, que está em incumprimento com as normas do BNA sobre os prazos para apresentação de contas.

Segundo economistas ouvidos pelo Expansão, apesar da subida de 2,5%, o stock de crédito dos bancos continua a ser inferior às necessidades de financiamento dos agentes económicos angolanos, sendo um entrave ao crescimento económico do País. A parca aposta da banca no crédito é justificada sobretudo pelos riscos que apresenta para os bancos - todos se lembram ainda da era do malparado - mas apresenta-se também menos lucrativa que a aposta no mercado de dívida - mais seguro - ou o mercado cambial.

No período, o BMA, sozinho, registou uma carteira de crédito de 428 mil milhões de Kwanzas, ainda assim uma redução de 5,1% face ao total registado nos primeiros três meses de 2021. Da lista de bancos com maior stock de crédito consta, na segunda, posição, o BFA, com 368,7 mil milhões de Kwanzas, um salto de 16,8% face às contas de 2021 ultrapassando o BAI na segunda posição. O banco liderado por Luis Lélis viu o seu crédito cair 16,8% para 319,6 mil milhões Kz. Standard Bank e BDA fecham o top 5.

Para os especialistas, embora a banca comece hoje a olhar ligeiramente para o crédito, sobretudo para opções como o Aviso 10 do BNA (para financiar a produção nacional) ou o Aviso 9 (para financiamento à habitação), em que os bancos utilizam dinheiro "ocioso" (das reservas obrigatórias no BNA) para crédito, tudo aponta para que continuem a priorizar investimentos em títulos de dívida

Aliás, em entrevista recente ao Expansão, o CEO do BFA, Luís Gonçalves, admitiu que a aposta nos títulos pelos bancos comerciais decorre de uma necessidade de rentabilizar o volume de depósitos que o banco tem. "Temos um mercado que tem de um lado o crédito, retraído, porque de facto não é fácil financiar nas condições de mercado actuais. E depois não temos muito mais nada a não ser o mercado da dívida pública", defendeu o gestor, que ainda assim admitiu que o BFA vai aumentar a aposta no crédito.

Também o economista Alberto Vunge defende que a actual estrutura que privilegia os investimentos em títulos públicos reflete a estratégia de preservação do capital pelos bancos. "Nos últimos 5 anos a média do crédito malparado andou próximo dos 26%. Nesta altura os bancos mudaram a sua prioridade entre crescer e conservar o capital", disse o analista. Assim, entre libertar crédito e correr o risco de malparado e aplicar em titulos públicos e, por via disso, conservar o capital, os bancos têm optado no financiamento ao Estado, o que, na visão de Alberto Vunge, os bancos têm conseguido. "Se notar, apesar dos números do crédito malpado, a robustez dos bancos, medidos pelo rácio de solvabilidade global está acima do mínimo regulamentar", explica o economista.