Quantas vezes já estiveste em situações em que parecia mal dizer que "não", em que tiveste vergonha de dizer não, em que não pareceria bem dizer não porque os outros achariam que eras fraco? Enquanto líder, quantos "nãos" disseste verdadeiramente que não tivesse impactado em ti e na tua sobrecarga de trabalho? Quantos "nãos" impactaram em más decisões? Ou nas tuas pessoas? Atenção, não me refiro ao não necessário no alinhamento e desenvolvimento. Refiro-me acima de tudo, ao não excessivo e com culpa.

O sim que dás ao final do dia, para entregar o trabalho às 8h00 do dia seguinte, o sim que dás, quando deixas de ter tempo para cuidar de ti, o sim que impacta na tua vida pessoal e profissional, e que, de forma constante, afecta a tua qualidade de vida. Como profissional e Pessoa que sou, já disse muitas vezes sim, quando deveria ter dito não. E disse-o com culpa, quando tive depois de ficar mais tempo a trabalhar, deixar de estar com família e amigos, o de estar com pessoas que não agregam valor e que retiravam a minha energia, ou seja, o dispersar o meu tempo e energia.

Mantenho-me positiva e digo que são aprendizagens, que não irei voltar a dizer que sim... Mas eis que ele chega... e o não tem feito cada vez mais parte do presente. O não consciente e sem culpas, o não que agrega valor, o não que me traz a liberdade e a vontade de continuar a fazer e a lutar por aquilo que acredito e gosto.

Se vou continuar a dizer que não? Certamente, de forma ponderada. Agregando valor à minha família, aos meus amigos e aos meus clientes. E a ti, leitor. Porque estar aqui, é um momento em que partilho conhecimento, em que espero desafiar-te a que possas reflectir, mas, mais importante, agir. Agir sem culpas e de forma consciente. Somos seres em constante crescimento. Evoluímos com base nas nossas experiências, crenças, ambições e desafios. Mas há uma competência que continua subestimada nas organizações e na vida pessoal: a capacidade de dizer não, com clareza e sem culpa.

Revês-te em alguma destas partilhas?

Ao longo dos anos, tenho partilhado, em processos de mentoria e em apresentações, o quanto esta aprendizagem foi determinante para mim. Confesso que o fiz da forma mais difícil: noites mal dormidas, excesso de projectos, tentativas de equilibrar múltiplas exigências, a ilusão do multitasking como solução universal, garanto-te que não funciona. Descobri algo tão simples como isto: ninguém consegue fazer tudo. E está tudo bem com isso. Saber dizer não não é sinal de fraqueza. É sinal de foco, consciência e maturidade (que nem sempre está directamente relacionada com idade). E é uma competência que pode (e deve) ser desenvolvida. Por isso, partilho contigo algumas reflexões e sugestões práticas, caso consideres relevante e desejes melhorar esta tua competência:

01. Constrói/consolida uma rede de apoio

Seja no contexto profissional ou pessoal, é essencial estares rodeado de pessoas que te compreendem e que respeitam os teus limites. Porque será esta rede de apoio fiável, que te irá facilitar nos momentos de tomada de decisões difíceis, mas que poderás tomar de forma mais assertiva e ponderada. Porque não existem culpas. Permitir-te-á, reduzir ansiedade e fortalecer a tua confiança nas escolhas que fazes. Quão sólida é a tua rede de apoio?

02.Usa as tecnologias como aliadas

Actualmente, existem ferramentas que te permitem organizar melhor o tempo, gerir prioridades e evitar a sobrecarga. Se calhar, já as conheces e até já as usas, mas aplicações como o Google Calendar, Notion, Trello ou técnicas como a matriz de Eisenhower ajudam-te a distinguir o urgente do importante e libertam espaço mental. As novas tecnologias existem para te ajudar, usa-as!

03.Reconhece (e respeita) os teus limites

Sabes qual é a tua linha de limites? Sim, aquela que não deves ultrapassar? Mas que até o fazes constantemente, de forma consciente ou inconsciente.

Leia o artigo integral na edição 828 do Expansão, de Sexta-feira, dia 30 de Maio de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)