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Grande Entrevista

"Este mercado faz com que as empresas olhem apenas para o curto prazo"

PEDRO DIOGO VAZ, DIRECTOR-GERAL DA SUPERBRANDS ANGOLA

Aquele que é o principal rosto da Superbrands em Angola faz um balanço sobre os dez anos da presença deste selo de qualidade que avalia as marcas de excelência do País. A difícil economia nacional é um problema para as marcas, mas também pode representar uma oportunidade.

Faz dez anos que a Superbrands está em Angola. Que balanço é que faz?

Ao longo destes 10 anos, Angola teve muitas variações, em termos económicos e noutros aspectos e, portanto, o projecto já teve anos que foram muito desafiantes, muito difíceis, já teve outros anos que de facto foram bons, mas isso é igual em todas as outras áreas. Angola continua a ser um país com muitas oportunidades, mesmo quando as coisas estão mais desafiantes. Nós fomos mantendo a convicção de que devíamos ajudar a própria economia, o próprio mercado, portanto, a avaliação é muito positiva destes 10 anos.

E as marcas, que comportamento tiveram ao longo destes anos?

Temos marcas que ao longo dos 10 anos têm-se mantido sempre no projecto, temos marcas que aparecem e desaparecem no próprio mercado, não é só no projecto. Portanto, isso é uma das características que o mercado tem, é que é muito volátil.

Fala de muitas oportunidades. Quais são as oportunidades que a Superbrands encontra no nosso mercado?

A principal oportunidade é essencialmente tentarmos passar às próprias empresas esta noção de que quando nós falamos de marcas isto não é uma questão só publicitária, não tem de estar directamente ligado a isso. As empresas têm de perceber que às vezes mesmo havendo dificuldades, quando a marca constrói relação de confiança, quando a marca se consegue afirmar no mercado, isso permite que quando vêm períodos de melhoria, a marca, se calhar, se possa destacar mais rapidamente também

E a Superbrands passa esta mensagem às empresas?

Esse é o nosso papel, ou seja, nós procuramos passar esta mensagem, quer aos consumidores, quer às próprias empresas e aos profissionais, de que falar de marcas é muito mais do que nós querermos vender coisas ou queremos ter lucros directamente.

Tanto para marcas nacionais como internacionais?

Angola tem marcas que são multinacionais e que obviamente terão de ter uma estratégia diferente das que têm em outros países, mas também tem marcas nacionais que também têm que perceber isso, que às vezes existe uma oportunidade enorme de se afirmarem. É preciso que as empresas, os negócios, os profissionais também percebam que têm de encontrar formas de se envolver com as pessoas, de fazer sentido para aquilo que é a cultura de cada mercado.

Há assim tanta diferença das marcas nacionais no tipo de comunicação que fazem cá em relação a outras realidades?

Não é só uma questão de comunicação, é uma questão das marcas perceberem que têm que ser verdadeiras, na forma como estão a gerir o mercado e as pessoas. É uma forma, efectivamente, delas trazerem importância, ou seja, de terem o seu produto ou serviço ser uma coisa, de facto, que as pessoas reconhecem como sendo válida. Portanto, não é apenas uma questão de comunicação, nem de perto, nem de longe. Tem a ver com o negócio, tem a ver com a estratégia, tem a ver com o investimento, tem a ver com confiança, com criar confiança.

Acha que as marcas angolanas deveriam trabalhar mais no seu posicionamento?

Acho que é um dos grandes pontos de evolução que tem que haver em termos da cultura empresarial em Angola, porque há muito uma noção de associar a marca ao conceito só de negócio. E, é muito importante que se perceba isto, que a forma como as marcas trabalham junto das pessoas, dos seus públicos, directamente, é muito importante. E em Angola nós já temos bons exemplos de coisas em que isso acontece.

Portanto as nossas marcas têm de estar mais próximas dos consumidores...

Nos últimos anos já há efectivamente algumas marcas a entrarem no mercado e a quererem fazer isto, ou seja, independentemente de vender um produto, o importante é passar uma determinada mensagem, criar confiança, aproximar-se do consumidor. Infelizmente no nosso mercado ainda não há isso como um padrão, porque continua a haver muito uma visão comercial.

Como é que uma marca é verdadeira?

Uma marca é verdadeira como uma pessoa tem que ser verdadeira. Não temos que estar todos os dias a contar tudo sobre nós. Mas não podemos mentir, ou seja, podemos omitir se houver alguma coisa que não seja favorável, mas não podemos mentir. E acho que isso é um dos aspectos mais importantes que acontece com as marcas. O princípio da confiança tem que ser essencialmente uma coisa de longo prazo.

Leia o artigo integral na edição 760 do Expansão, de sexta-feira, dia 26 de Janeiro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)