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Grande Entrevista

"O objectivo é chegar a uma autonomia financeira de 25% nos próximos 4 anos"

GRANDE ENTREVISTA

Dez anos depois de ter chegado à presidência do Petro de Luanda, Tomás Faria é candidato único a mais um mandato à frente do Petro. Reduzir a dependência financeira face ao dono do clube, ser campeão africano de futebol, iniciar a abertura do capital da SAD, aumentar a exposição da marca, o número de sócios, os títulos nas diversas modalidades e casas do clube, são alguns dos objectivos até 2028.

No início do seu mandato em 2020 disse-nos que a autonomia do Petro face à Sonangol era de 14 % e que esperava que subisse em quatro anos para um mínimo de 20%. Hoje é cerca de 17%. Não aconteceu porquê?

Quando fizemos essa projecção estávamos a contar com os direitos televisivos, que acabaram por cair. Com a Covid-19 também começou a haver jogos sem público e tivemos de repensar toda a nossa a estratégia. Por isso é que pedimos consultadoria à La Liga, para nos ajudarem a ver como podíamos ir à procura de outras receitas. Em todo o mundo os direitos televisivos são a principal fonte de receita dos clubes de futebol.

O valor dos direitos televisivos em Angola são muito baixos?

O problema não é serem baixos. Primeiro tem de haver televisão que passe os jogos. Em Espanha, quando começou a Liga profissional, as pessoas tiveram de ir para a rua manifestar-se para exigir que as televisões passassem os jogos e os clubes passarem a receber por essas transmissões.

Mas passam jogos do Petro na televisão?

Com um pequeno acordo que nós temos, onde estamos também a dar os nossos jogos internacionais à TPA, mas eles não pagam.

Pelos jogos que passam hoje na TPA o Petro não recebe nada?

Não! Porque demos os jogos. Eles transmitem e nós tivemos de arranjar outra via para tirar alguma remuneração.

O Petro vai ficar à espera da Liga para iniciar a venda dos direitos televisivos?

De acordo com o que está previsto na Liga, eu faço parte da fundação, em princípio, a negociação é para ser conjunta com todos os clubes. Mas nós vamos ter de lutar, em primeiro lugar, para ver se a própria Liga sai.

Nada garante que na próxima época exista a Liga.

Nós estamos muito dependentes da Federação fazer o documento de solicitação do futebol profissional em Angola. E, enquanto a Federação não quiser, não vai fazer. Assumindo que haverá alternância na direcção da Federação, nós acreditamos que isso vai acontecer a curto prazo.

Voltando ao tema da autonomia financeira, qual é o objectivo para este mandato?

Nós agora, neste mandato, queremos ver se chegamos aos 25%. É uma luta que vamos enfrentar, porque nós, nessa altura, estamos a implementar vários projectos. Estamos com várias iniciativas conjuntas. A curto prazo, vamos tentar ver se exploramos as imagens dos nossos atletas. Temos também a própria marca, que começa a ser mais rentabilizada. Estamos com alguns edifícios que estavam parados e precisamos retirar deles mais rendimento. Mas, acima de tudo, começámos a desafiar agora a fábrica de equipamentos para podermos ter um merchandising mais agressivo.

Essa é uma boa fonte de receitas

Temos de trabalhar com a polícia, porque começam a chegar ao País contentores com material do Petro contrafeito e precisamos de interromper esse fluxo. Esta é uma ajuda que precisamos do Governo, uma vez que nós não conseguimos fazer nada. Estamos também a trabalhar uma base de dados de adeptos para negociar com alguns parceiros a possibilidade de fazerem acções com as suas marcas, o que nos vai permitir ter outras receitas mais a longo prazo.

A nível dos patrocínios para a equipa de futebol não estão limitados pelo patrocínio da Sonangol?

Não é tanto assim. A Sonangol aparece como dona do clube, mas aceita que venham outros.

Na Taça dos Campeões não podem utilizar o símbolo da Sonangol, porque a prova é patrocinada pela Total. Porque é que não têm um patrocinador alternativo para esta competição, que tem muita exposição?

Não conseguimos encontrar um parceiro que reuna as condições que achamos necessárias. Podemos fazê-lo especificamente nesta prova, mas tem de ter impacto financeiro, porque se for nada ou quase nada, é preferível jogar como temos feito.

Leia o artigo integral na edição 768 do Expansão, de sexta-feira, dia 22 de Março de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)