Ameaça de Trump ensombra cimeira de negócios África-EUA em Luanda
Evento que junta representantes dos governos e do sector privado norte-americano e africano na capital do País começa dia 22 e termina quarta-feira, 25 de Junho. Política externa de Donald Trump parece hostilizar os países africanos, ao mesmo tempo que não recua na vontade de fazer negócios.
As constantes tentativas de Donald Trump em reformar os serviços de imigração dos EUA ameaçam ensombrar a cimeira de negócios África-EUA, que vai decorrer entre 22 e 25 de Junho, em Luanda, já que o Governo norte-americano está em vias de impedir liminarmente a entrada no seu país de cidadãos angolanos e de outros 24 países africanos, numa lista provisória que engloba 36 nações.
A organização da cimeira, que junta o Corporate Council on Africa, uma entidade privada, e o Governo de Angola (representado por João Lourenço), já anunciou as presenças, em Luanda, dos presidentes do Botswuna, RDC, Guiné Equatorial, Etiópia, Gabão, Zâmbia e Namíbia e de outros altos dirigentes dos governos da Argélia, Lesoto, Burundi, entre outros representantes oficiais.
Do lado norte-americano, estão também previstas as presenças dos principais diplomatas e governantes americanos no diálogo oficial com África, como são os casos de Troy Fitrell (diplomata-chefe para o continente, que deve abandonar o cargo já no próximo mês de Junho) e do advogado Massad Boulos, escolhido por Donald Trump como conselheiro sénior para África. Boulos é sogro de Tiffany Trump, filha do Presidente dos EUA.
Apesar do elevado perfil dos participantes e das grandes expectativas que rodeiam a cimeira de Luanda, com a associação entre sector privado dos EUA e africano, e a presença de altos dirigentes políticos, o evento corre o risco de ser abafado pela geopolítica e pelas acções recentes da administração Trump, que parecem hostilizar directamente o continente africano e outras regiões do mundo com menos peso político e económico.
A lista completa
No sábado, 13 de Junho, a imprensa norte-americana divulgou um memorando assinado pelo secretário de Estado, Marco Rubio, onde foram identificados diversos critérios que, na avaliação do Governo norte-americano, não estavam a ser cumpridos pelos referidos Estados e que seriam motivo suficiente para simplesmente impedir o acesso dos seus cidadãos aos EUA.
Para além de Angola, a lista do Departamento de Estado inclui o Benim, Burkina Faso, Camarões, Cabo Verde, República do Congo, Djibuti, Etiópia, Egipto, Gabão, Gâmbia, Gana, Costa do Marfim, Libéria, Maláui, Mauritânia, Níger, Nigéria, São Tomé e Príncipe, Senegal, Sudão do Sul, Uganda, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué (todos africanos) e ainda São Cristóvão e Nevis, St. Lúcia, Síria, Tonga, Tuvalu, Vanuatu, Antígua e Barbuda, Butão, Camboja, Domínica e Quirguizistão.
Segundo o secretário de Estado, Marco Rubio, vários dos 36 países que constam da lista não têm "nenhuma autoridade governamental central competente ou cooperativa para produzir documentos de identidade confiáveis ou outros documentos civis" e sofrem de "fraude governamental generalizada". Outros tinham alegadamente um grande número de cidadãos que ultrapassaram o prazo dos seus vistos de permanência nos EUA.
O documento salienta ainda que as preocupações norte-americanas poderão ser atenuadas se os governos estiverem dispostos a aceitar cidadãos de países terceiros expulsos do país liderado por Donald Trump.
Os 36 Estados poderão juntar- -se a outros 12 que viram a entrada dos seus cidadãos nos EUA totalmente restringida no início de Junho: Afeganistão, Myanmar, Chade, República Democrática do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Haiti, Irão, Líbia, Somália, Sudão e Iémen. O Governo dos EUA também impediu parcialmente o acesso aos EUA de viajantes do Burundi, Cuba, Laos, Serra Leoa, Togo, Turcomenistão e Venezuela.
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