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Angola

Inflação mensal em Março mais baixa em 22 meses apesar da subida do gasóleo

PARA O INE, OS COMBUSTÍVEIS VALEM APENAS 0,52% DOS GASTOS DAS FAMÍLIAS

Das 12 classes de despesa que o INE utiliza para contabilizar a inflação, apenas os Transportes, que é onde se inclui a subclasse Combustíveis, viu os preços acelerarem face a Fevereiro. Já em nove deles abrandaram, o que aumenta as já habituais desconfianças sobre os números do INE, que deverá fazer reflectir os efeitos do aumento do gasóleo já em Abril.

A inflação mensal a nível nacional registou o valor mais baixo em 22 meses, ao abrandar em Março 0,21 pontos percentuais para 1,38%, num mês em que o preço do litro de gasóleo disparou 50%, de acordo com cálculos do Expansão com base no Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) de Março do Instituto Nacional de Estatística (INE). A classe de despesa onde se inclui os combustíveis foi a única onde se verificou uma aceleração do crescimento dos preços.

Ao todo são 12 as classes de despesa que o INE utiliza para medir a inflação nacional. Fora os transportes, em que os preços crescerem uma média de 1,83% em Março, nove das outras classes viram a subida dos preços abrandar face a Fevereiro, com destaque para a Saúde (-0,6 pontos percentuais), Alimentação e bebidas não alcoólicas (-0,4 pp), e Vestuário e calçado e Hotéis, cafés e restaurantes (ambos com -0,3 pp). Bens e serviços diversos, Bebidas alcoólicas e tabaco, Comunicações, Lazer, recreação e cultura, bem como Mobiliário, equipamento doméstico abrandaram 0,1 pp. Já na Habitação, água, electricidade e combustíveis mantiveram-se nos 1,0% de aumento de preços, enquanto na Educação, não houve alteração. Isto porque o INE apenas considera aumentos de preços nesta classe no período que antecede o início das aulas.

Assim, praticamente todas as classes de despesa "aproveitaram" a embalagem do abrandamento da subida dos preços verificada nos últimos meses, contribuindo para o desaceleramento da inflação mensal. Situação que veio agravar ainda mais a desconfiança generalizada que especialistas das universidades angolanas têm sobre as estatísticas desenvolvidas pelo INE.

Olhando para os dados, fica patente que os outros sectores ainda não sentiram, à data da realização do inquérito do INE, os efeitos da subida do litro do gasóleo para 300 Kz, pelo que é expectável um efeito de segunda vaga sobre os preços a partir do relatório sobre o mês de Abril, já que a subida dos preços do gasóleo acaba por afectar os custos da indústria, muita dela ainda dependente de geradores. Também as pescas deverão ver os preços crescer como consequência da subida do gasóleo, assim como os gastos das famílias com geradores.

O combate à inflação tem sido dos maiores desafios do País. No ano passado, a inflação foi de 27,5% e, para este ano, o Banco Nacional de Angola (BNA) estima uma redução de 10 pontos percentuais para 17,5%. O banco central é ligeiramente mais pessimista que o Governo, que no relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado (OGE) 2025 aponta a 16,6%.

Para já, a manter-se a média de crescimento da inflação mensal na ordem dos 1,5% (1,% em Janeiro, 1,6% em Fevereiro e 1,4% em Março), a inflação deverá abrandar para valores mais próximos das projecções do BNA, mas ainda é cedo para "fazer prognósticos", até porque não se sabe se o Governo mantém o objectivo de reduzir a subsidiação não só aos combustíveis, mas também à electricidade e à água, conforme refere no OGE 2025.

Já a inflação homóloga, ou anual, - que mede a variação de preços num determinado mês do ano face ao mesmo mês do ano anterior - está a desacelerar há oito meses consecutivos e passou de 25,3% em Fevereiro para 23,9% em Março.

Também a nível de Luanda, a inflação mensal registada em Março foi a mais baixa em 22 meses. É preciso recuar a Maio de 2023 para encontrar um valor tão baixo. Já em termos homólogos, a inflação na capital do País está a abrandar há 9 meses para 24,79%.

No I trimestre

A saúde e a hotelaria e restauração são os dois sectores onde os preços mais subiram este ano, com um crescimento de 5,9% e 5,8% entre Janeiro e Março, respectivamente. A saúde continua, assim, a ser o sector onde os preços mais crescem, à semelhança do que tem acontecido nos últimos cinco anos. Desde Janeiro de 2020, os preços neste sector subiram 129,2%, consequência da desvalorização do kwanza, mas também do abrandamento das importações de materiais como medicamentos. Bebidas alcoólicas e tabaco fecham o pódio das classes em que os preços mais subiram.

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