Ligação ao mercado eléctrico da SADC será feito com duas conexões à RDC
O projecto será desenvolvido através de uma parceria público-privada com a holding marroquina Somagec, devendo ser aprovada até ao final do ano, depois de garantido o financiamento do acordo entre os dois países. As obras poderão começar em 2026 e terão uma prazo de execução de dois anos.
A ligação ao SAPP (Southern African Power Pool), mercado eléctrico da SADC começa a sair do papel com as duas primeiras linhas de transmissão de alta tensão (a Norte e ao Leste) com a República Democrática do Congo. Após o Governo angolano dar luz verde, no último trimestre do ano passado, à Somagec Energy Holding Limited, empresa marroquina com sede no Dubai para elaboração de estudos de viabilidade técnica, ambiental, legal e financeira, com vista à construção e operação de duas linhas de transmissão, através dos despachos presidencial n.º 280/24 e n.º 253/24.
Tudo indica que a consignação do contrato, em regime de Parceira Público-Privada, será assinado ainda este ano, visto que os estudos de viabilidade económica estão em fase final e os governos de Angola e da RDC estão a remar na mesma direcção com a aprovação e a oficialização do projecto.
Com isso, as obras estão previstas para o iniciarem já no próximo ano, que serão executadas pela Meridian Energy, subsidiária da Somagec que está à frente da empreitada que vai inserir Angola no mercado eléctrico regional.
Nesta altura, aguarda-se que os estudos de viabilidade feitos, sejam submetidos ao Governo para a homologação e, desta forma, ser autorizada a concessão. "A perspectiva é que ao longo deste ano possa haver aprovação final para se constituir a PPP [Parceira Público-Privada]. Estes estudos vão permitir ao Governo a emitir um contrato de concessão. A partir deste documento vão ser feitos então os estudos finais de detalhe de engenharia para se construir os circuitos em causa", disse fonte do Expansão no Ministério de Energia e Águas.
Se tudo correr conforme o cronograma dos procedimentos legais e se o documentos da concessão em regime de PPP forem assinados ainda este ano e as obras arrancarem em 2026, a previsão do interconector Norte será comissionada em 24 meses, ou seja, pode iniciar-se a primeira exportação de electricidade, no âmbito do SAPP, a partir 2028.
Tratam-se das linhas de transmissão Capanda - Saurimo - Luau - Kolwezi (RDC), com 1.240 km de extensão e uma tensão de 400 kV. Esta infra-estrutura ligará Angola à República Democrática do Congo, a Leste, por meio de um circuito duplo (torres com duas linhas de transmissão independentes).
Já a ligação pelo Norte partirá de Zaire/Soyo, passando por Matadi e Inga, na RDC. Também será construída em circuito duplo, com cerca de 185 km de extensão. A partir de Matadi, a linha seguirá até à província de Cabinda, num trecho de aproximadamente 182 km, mas em circuito simples. No total, a interconexão Norte terá 367 km.
Na prática, este projecto representará um marco para o sistema eléctrico nacional, pois integrará Cabinda à rede Norte- -Centro, que detém maior produção de electricidade no País. Actualmente, este enclave angolano depende fortemente de fontes térmicas, com elevado consumo de combustíveis fósseis - uma realidade que contrasta com a tendência global de transição para fontes mais limpas e sustentáveis de energia.
"Do ponto de vista das desigualdades, oferecer o serviço de energia eléctrica à Cabinda será de grande valia. Por outro lado, tanto em Cabinda, como na região Leste, esta obra vai poder contribuir para atender outros clientes industriais, mas, sobretudo, atender as indústrias mineiras extractivas da RDC", explicou a fonte do Expansão, acrescentando que o projecto tem a "particularidade muito interessante de fazer o Estado angolano, sem emitir dívida, viabilizar a ligação de Cabinda ao resto do País".
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