Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Angola

Plano de Ordenamento é base para o futuro mas ainda está (quase) tudo por fazer

FORAM CRIADAS CINCO NOVAS ÁREAS DE PROTECÇÃO AMBIENTAL

É um primeiro passo para vincar uma perspectiva mais ambientalista sobre o mar e as suas potencialidades. O documento define os mangais e as áreas de importância ecológica ou biológica como prioritárias, decisão que protege a sua integridade. Agora é preciso desenvolver mecanismos de gestão.

Depois de uma acentuada letargia no que diz respeito ao meio ambiente, nos últimos anos o tema ganhou espaço político e mediático em Angola. Foi difícil mas já não há volta a dar. É neste crescendo que surge a aprovação governamental do Plano de Ordenamento do Espaço Marinho (POEM), documento que introduz uma perspectiva de base ambientalista e novas linhas de força na gestão do mar e da orla costeira. No entanto, para que seja efectivo, e não apenas um grupo de papéis e de letras mortas, é necessário desenhar novos instrumentos legais, de protecção ambiental e de gestão marinha.

Com a publicação em Diário da República do Decreto Presidencial 88/23 de 30 de Março, o Governo compromete-se com uma série de conceitos e desejos para o futuro da ZEE - Zona Económica Exclusiva de Angola. A ZEE é uma espécie de fronteira marítima, que se estende até 200 milhas da linha de costa, sobre a qual os Estados possuem direitos de exploração, administração e conservação. Ou seja, o território angolano não diz respeito apenas à área incluída dentro das fronteiras do País, estende-se também pelo Oceano Atlântico.

Este espaço marinho é fundamental para todos os países com acesso ao mar, mas especialmente para Angola: cerca de 50 blocos petrolíferos estão situados em offshore (sobretudo no norte do País) e a economia é altamente dependente destas actividades, que representam a maioria das receitas fiscais e cerca de 90% das exportações. O sector petrolífero é um poderoso centro de poder (político e económico) no dia-a-dia do País.

Para além disso, a estratégia que está a ser implementada para a expansão da actividade petrolífera aposta bastante na prospecção de hidrocarbonetos nas bacias costeiras do Baixo Congo, Kwanza, Benguela e Namibe, onde estão previstos elevados investimentos em novas infra-estruturas e em três novas refinarias, que se juntam à existente em Luanda. Mas a relevância económica da ZEE não se restringe apenas ao petróleo, estende-se também às pescas, turismo, transportes e logística (portos e afins), entre outras importantes actividades económicas.

Como reconhece o próprio Plano de Ordenamento do Espaço Marinho (POEM), "na costa ocidental de África a pressão das actividades económicas ligadas ao mar tem afectado os recursos marinhos e a biodiversidade", o que resulta numa "necessidade crescente de criação e conservação de áreas marinhas e costeiras".

No campo das intenções, o documento sublinha que Angola deseja ter um "espaço marinho produtivo, saudável, acessível, preservado, seguro e isento de conflitos, gerido de forma integrada e sustentável, economicamente justo e socialmente justo", realidade que está longe de ver a luz do dia, não só no mar como em terra.

Por outro lado, o País possui uma variedade de ecossistemas costeiros-marinhos (praias arenosas, dunas, mangais, entre outros), que protegem a linha de costa contra a erosão, inundações e promovem a reciclagem de matéria orgânica, produção de nutrientes, bem como de diversos recursos pesqueiros que alimentam e sustentam milhares de pessoas.

Ainda que seja reconhecido o seu valor ecológico, a ausência de protecção formal das principais áreas ou elementos da biodiversidade nos meios marinho e costeiro de Angola tem sido referida, interna e externamente, como motivo de preocupação.

Por dentro do POEM

Com a aprovação do POEM, Angola compromete-se a desenvolver um conjunto de princípios, de abordagens de gestão e de linhas de orientação sobre o espaço marinho. Entre as principais medidas previstas está a criação de um sistema de gestão efectivo (que promova a colaboração entre todas as partes), o ordenamento do espaço marinho que permita usos múltiplos do oceano e da costa sem comprometer o mar, a preservação de recursos marinhos e um melhor conhecimento sobre o potencial oceânico e costeiro.

Enquanto medidas prioritárias, o plano aponta para a identificação das áreas de maior vulnerabilidade, sensibilidade ambiental e defesa da costa; ordenamento, valorização e requalificação da orla costeira; defesa e reabilitação de sistemas dunares e praias arenosas; classificação de praias consideradas estratégias a nível ambiental e turístico e o desenvolvimento de acções de educação e sensibilização da sociedade.

(Leia o artigo integral na edição 722 do Expansão, desta sexta-feira, dia 28 de Abril de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo