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Angola

Projecto das refinarias atira Angola para a importação de petróleo até 2050

CASO SE CONCRETIZE O PROJECTO DAS QUATRO REFINARIAS

O mega projecto de refinação que o Governo prevê para o País, com quatro refinarias a produzir, ainda sem data final, aponta ao processamento de 425 mil barris de crude por dia, superior às projecções que o Executivo tem para aquela que será a produção de petróleo em 2050: 340 mil barris diários.

A entrada em cena da Refinaria de Cabinda esta semana, com a previsão de produção comercial a partir do final do ano, traz consigo várias questões que têm sido debatidas à "boca calada" um pouco pelo país e que têm tido poucas respostas por parte de quem decide. Desde logo, como será o acesso à matéria- -prima por parte das quatro refinarias que o Governo pretende ter em Angola, mas também outras questões como o que acontecerá dentro de pouco mais de duas décadas caso se confirmem as projecções do Executivo para a produção de crude.

A Estratégia de Desenvolvimento a Longo Prazo "Angola 2050", elaborada pelo Governo para alinhar-se com a agenda da ONU e da União Africana, aponta a que dentro de 25 anos a produção diária de petróleo no País fique apenas nos 340 mil barris, resultado de um processo de declínio que começou em 2016. Olhando para os 425 mil barris diários que o Governo prevê que seja a capacidade de produção das quatro refinarias quando o processo estiver concluído, serão necessários mais 85 mil barris para que a capacidade não seja ociosa. E, para isso, Angola estará obrigada a mudar o paradigma, transformando-se de um país produtor de petróleo para importador. Sobre este cenário, as opiniões dividem-se e o que ressalta é que tem sido um processo pouco transparente, que deixou de fora a discussão na sociedade civil num assunto tão estratégico e estruturante sobre o futuro do país.

"Neste cenário é preciso analisar profundamente a viabilidade das refinarias, porque se a previsão aponta para a redução da produção, não faz sentido continuar a construírem-se refinarias para depois importar o petróleo", disse um profissional do ramo.

"O que precisamos é de ter uma capacidade de refinação que satisfaça as necessidades do país e possivelmente alguma exportação desta produção. E acredito que o próprio mercado vai ditar a viabilidade das quatro refinarias previstas", concluiu.

Já para Vladimir Pereira, especialista do sector, que também lamenta a falta de informação sobre a refinaria de Cabinda não há qualquer problema em importar petróleo. "Existem muitos países que são produtores de petróleo, têm refinarias e ainda assim importam petróleo. Um exemplo disso é os Estados Unidos. O que conta é ter a estratégia certa para as refinarias", afirmou.

Por sua vez, o economista Nelson Pedro considera que duas das refinarias (Soyo e Lobito) ainda são apenas pretensões e que a procura destes produtos vai ditar a sua viabilidade ou não. "Independentemente do que se possa dizer, se estas refinarias forem feitas de facto por privados, o potencial do retorno do investimento pode ditar a sua continuidade ou não. Agora temos duas refinarias, as outras ainda então em fase inicial e acredito que se concluídas, vamos ver como este segmento vai reagir e não sabemos se todas vão sobreviver lá mais para frente", disse.

A primeira fase da Refinaria de Cabinda inaugurada esta semana prevê transformar diariamente 30 mil barris de petróleo, quantidade que dobrará na segunda fase em que deverão ser processados 60 mil barris/dia. A estes somam-se os 65 mil barris diários processados actualmente na refinaria de Luanda. Se juntarmos a estas contas a previsão das refinarias do Soyo, com 100 mil barris/dia, e do Lobito, com 200 mil barris, nos próximos anos quase metade da produção petrolífera diária actual do País vai para a refinação em solo nacional, contrariamente ao que acontece actualmente.

Financiar a produção de refinados

A questão da viabilidade financeira das refinarias e o impacto nas contas do país tem sido levantada ao longo dos anos pelo economista e empresário Lago de Carvalho, que sempre defendeu que quem tiver que investir nestas infraestruturas em Angola vai acabar por ser subsidiado pelo Estado. E basta olhar para os benefícios atribuídos à nova refinaria para perceber que esse poderá ser o caminho (ver página 4).

Leia o artigo integral na edição 842 do Expansão, de Sexta-feira, dia 05 de Setembro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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