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Angola

Vendedoras da Mabunda resistem na mudança para a Praia Amélia

COMERCIANTES ALEGAM FALTA DE ESPAÇO E INSEGURANÇA NA PRAÇA DA PRAIA AMÉLIA

Existem agora dois grupos de vendedoras - um que se mantêm no mercado da Mabunda, apesar de todas as acções de fiscalização, e outro que migrou para o mercado da Praia Amélia, apesar de todas as críticas face ao novo local, nomeadamente a falta de espaço e a insegurança na zona.

A transferência das vendedoras de peixe para o mercado da Praia Amélia está a ser difícil, uma vez que parte destas, cerca de 700, mantêm a disposição de continuar a vender nas proximidades do mercado da Mabunda. Reconhecem que o novo mercado possui condições sanitárias adequadas, mas reclamam da insuficiência de espaço, distância e falta de "processo" (lugar onde se guarda os produtos) no novo local.

Falam também do ambiente de insegurança que se vive perto do mercado da Praia Amélia, contando episódios em que os criminosos ameaçam as vendedoras com facas retirando-lhes o dinheiro e as mercadorias. Esta crítica não deixa de ser estranha, tendo em conta que existe perto do espaço cedido pelo GPL uma esquadra móvel da Polícia Nacional. "Corremos riscos sérios", dizem algumas vendedoras, que explicam que esta mudança lhes trouxe mais problemas do que soluções.

Muitas relatam casos de assaltos, como ocorreu com Teodora do Carmo, Jéssica Rodrigues, Ana Maria e Miria Catari (nomes fictícios), que foram obrigadas a entregar 7 mil Kz a um grupo de jovens delinquentes no seu primeiro dia de venda, no sábado, 26 de Abril de 2025.

Acrescentar que o novo mercado conta com 600 bancadas para peixe, 51 pontos de água para os utentes, 4 contentores de lixo e 14 quartos de banho. As comerciantes passaram por testes médicos e receberam boletins sanitários para garantir a segurança na venda de produtos. A praça da praia Amélia está a aberta de terça-feira a domingo, sendo que, segunda-feira o mercado fica fechado para limpeza.

Explicam à reportagem do Expansão que o local não possui capacidade suficiente para albergar todas as vendedoras do mercado da Mabunda e não tem condições para conservar os produtos. O que as obriga a fazerem uma "ginástica" grande de transportar as mercadorias de um lado para o outro, gastando diariamente 2.500 Kz para pagar aos jovens que carregam os seus produtos.

A questão das bancas no novo espaço também não é do agrado das vendedoras. O GPL contratou um marceneiro para fazer as bancadas de venda pelo valor de 10 mil Kz, mas estas dizem que se trata de um mercado provisório e por isso não querem pagar esse valor, até porque muitas delas já têm as suas bancas. Em termos práticos, não estão dispostas a fazer esta despesa. O GPL disse ao Expansão que não estão a obrigar as vendedoras a terem estas bancadas, podendo elas mesmo fazer as suas bancas.

Continuam a vender no mercado da Mabunda

Tal como a reportagem do Expansão constatou no local, muitas vendedoras continuam a vender no mercado da Mabunda, resistindo à transferência para o novo espaço, e nem mesmo o risco de contágio de cólera devido às condições precárias do local, afastam a actividade do local. "A doença também está presente em muitos outros lugares. Acreditamos que Deus nos protege", dizem as vendedoras.

Já os jovens que estão a escamar os peixes mostram a sua agressividade à nossa reportagem e de forma furiosa gritaram: "O governo não sustenta ninguém. Vão-se embora para a vossa vida e deixem-nos em paz". Estes referem ainda, que vão ficar porque é dali que retiram o sustento para as suas famílias.

De recordar que o mercado da Mabunda foi encerrado no dia 28 de Fevereiro de 2025 como medida preventiva contra o surto de cólera que continua a afectar Luanda e várias províncias de Angola. Até ao dia 7 de Maio, foram registados 18.420 casos, com 586 óbitos e 556 internados, de acordo com os dados do ministério da Saúde. A província de Luanda lidera o número de casos, contabilizando 6.048 infecções, cerca de um terço do total.

Em termos práticos, existem agora dois grupos de vendedoras - um que se mantêm no mercado da Mabunda, apesar de todas as acções de fiscalização, e outro que migrou para o mercado da Praia Amélia, apesar de todas as críticas face ao novo local.

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