Clubes gastam menos, mas os ingleses continuam a dominar os negócios do futebol mundial
Este foi um ano em que os valores gastos em transferências baixaram entre 25% a 30%, o que reflecte as dificuldades que os clubes estão a passar em alguns campeonatos, mas também um maior controlo das instâncias internacionais no cumprimento das regras do fair play e no controlo dos fluxos financeiros.
As duas contratações mais sonantes desta janela não entram nas contas das transferências - Kylian Mbappé chegou ao Real Madrid a custo zero, em final de contrato, e Victor Oshimhen, depois de um "braço de ferro" com o presidente do Nápoles, acabou por ser emprestado ao Galatasaray da Turquia. Aliás, este foi um ano em que se gastou menos dinheiro em transferências, em comparação com 2023, resultado também de um maior controlo das autoridades desportivas sobre os fluxos financeiros nos principais campeonatos.
Para se ter uma ideia, as 20 maiores transferências neste período em 2023 valeram 1.537,51 milhões EUR, e este ano apenas 1.088,17 milhões EUR, menos 30%. O ano passado houve nove contratações acima de dos 75 milhões EUR e agora em 2024, apenas uma, a compra de Julian Alvarez pelo Atlético de Madrid ao Manchester City (ver tabela).
Destaque-se também que houve uma quebra importante nas compras do campeonato saudita, pois em 2023 os clubes tinham gastado mais de 900 milhões EUR em jogadores, enquanto este ano o valor foi de quase metade, 472,5 milhões EUR, com apenas três contratações acima dos 40 milhões EUR - Moussa Diaby que chegou ao Al-Ittihad por 60 milhões, Ivan Toney contratado pelo Al-Ahil por 42 milhões e Marcos Leonardo que foi para o Al-Hilal por 40 milhões EUR. É importante acrescentar que as compras neste mercado são feitas com dinheiro que é disponibilizado pelo Fundo Saudita, e que na prática apoia apenas quatro clubes - Al-Hilal, Al- -Nassr, Al-Ahli e Al-Ittihad - de acordo com aquilo que é a estratégia do governo daquele país para o futebol profissional.
Mas o país que continua a movimentar mais dinheiro no mundo do futebol continua a ser a Inglaterra, muito acima do que acontece em outras paragens. Os clubes da Premier League compraram 2.331,82 milhões EUR em jogadores e venderam 1.615,15 milhões EUR. Os clubes ingleses estiveram envolvidos em seis dos maiores negócios deste ano, mas ainda assim muito abaixo do que aconteceu no ano passado. Para se ter uma ideia, os cinco clubes que mais gastaram o ano passado (Chelsea, Tottenham, Manchester City, Arsenal e Manchester Unided) contrataram jogadores num total de 1.395,44 milhões EUR, e nesta janela de transferências os cinco do topo da lista Chelsea, Brigthon, Manchester United, Aston Villa e Tottenham) gastaram apenas 1.009,25 milhões EUR.
Destaque também para a liga italiana, a segunda que mais comprou, 1.001,5 milhões EUR, com destaque para Juventus de Turim, o sétimo clube mais gastou em contratações, 162,8 milhões EUR - o holandês Koopmeiners veio do Atalanta por 54,7 milhões EUR, Douglas Luiz do Aston Villa por 51,5 milhões EUR, Khéphren Thuram do Nice por 20,6 milhões EUR e o defesa colombiano Juan Cabal que foi comprado ao Verona por 12 milhões EUR. O Nápoles, que perdeu Piotr Zielinski e Victor Osimhen, foi o segundo clube que mais investiu no seu plantel, 149,5 milhões EUR, em Alessandro Buongiorno (veio do Atalanta) Scott McTominay (do Manchester United) Romelu Lukaku (do Chelsea) David Neres (do SL Benfica) e Billy Gilmour (do Brigthon). O campeão Inter de Milão fez apenas uma compra de dimensão, ao ir buscar o médio internacional italiano David Frattesi ao Sassuolo por 29 milhões EUR.
No campeonato inglês, as três maiores compras foram de jogadores ainda em fase de crescimento e com pouco cartaz, nomeadamente o avançado Dominic Solanke, que passou do Bournemouth para o Tottenham por 64,30 milhões EUR, o defesa Leny Yoro que foi contratado pelo Manchester United ao Lille por 62 milhões EUR e o avançado português Pedro Neto, que se mudou do Wolverhampton para o Chelsea por 60 milhões EUR. Todos estes negócios foram feitos acima do preço de mercado dos atletas, o que mostra a aposta no futuro pelos compradores. Entre os mais consagrados, destaque-se a compra do médio defensivo belga Amadou Onana, pelo Aston Villa, da contratação de João Félix pelo Chelsea, de Manuel Ugarte e de Mathijs de Ligt pelo Manchester United.
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