O Fundo Soberano de Angola (FSDEA) e o empresário de origem israelita Haim Taib, fundador e presidente do Grupo Mitrelli, que é um dos principais financiadores privados do Governo angolano, anunciaram a criação de uma plataforma de desenvolvimento destinada ao Corredor do Lobito.

A parceria vai arrancar com 100 milhões USD, mas o objectivo é chegar a 1.000 milhões USD. O projecto também inclui a participação do National Pension Scheme Authority (NAPSA, em inglês), fundo público de pensões da República da Zâmbia. Baptizada oficialmente como Plataforma LCID - Desenvolvimento de Impacto no Corredor do Lobito, os 100 milhões USD iniciais foram subscritos em partes iguais por Haim Taib e pelo FSDEA, que disponibilizou 50 milhões USD.

A iniciativa pretende focar-se na canalização de investimentos para projectos nos sectores da agricultura, infraestruturas, saúde, indústria ligeira, educação e inclusão digital. Segundo os promotores, o Corredor do Lobito está a consolidar- -se como uma via estratégica de acesso aos mercados globais.

Esta ligação viabiliza o transporte mais célere e seguro de minerais essenciais para a produção de energias renováveis, veículos eléctricos, semicondutores e demais indústrias, num contexto global em que o acesso às cadeias de abastecimento se converteu em prioridade para os principais actores globais. Perspectiva-se também, a médio prazo, que este corredor interligue o Oceano Índico ao Oceano Atlântico, atravessando o continente africano de leste a oeste devido à ligação entre o Corredor do Lobito e o Caminho-de-Ferro Tanzânia-Zâmbia (mais conhecido por Tazara, na sigla em inglês).

"O Corredor do Lobito é mais do que uma infraestrutura - é um catalisador para o desenvolvimento inclusivo," afirmou Armando Manuel, presidente do Conselho de Administração do FSDEA, no comunicado que anunciou a parceria. Haim Taib é um investidor que alega ter financiado projectos em África, Europa e Médio Oriente avaliados em 10 mil milhões USD. É fundador dos grupos Mitrelli, Menomadin, JETA, Luminar Impact Capital e da Fundação Menomadin.

Em Angola, o grupo Mitrelli começou por investir no fornecimento de serviços de tecnologia e telecomunicações (onde chegou a obter um contrato de gestão da Movicel e a prestar serviços às Forças Armadas) e depois alargou os seus tentáculos à agropecuária, com a entrada no projecto Aldeia Nova, onde ainda se mantém. Mais recentemente, a sua actividade está orientada para a construção de novas centralidades através da empresa Kora Angola e financiamento de obras públicas, como são os casos dos estádios em construção no Huambo e Uíge.