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Economia

Exportações dos produtos do PRODESI afundam 53% para apenas 15,3 milhões USD

FACE AO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2024

A produção nacional continua muito aquém daquilo que são as necessidades do País. As importações do Prodesi são 41 vezes superiores às exportações, um sinal de que este programa continua a dar muito poucos frutos ao País.

As exportações no I trimestre de mercadorias no âmbito do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI) afundaram 53% para quase 15,3 milhões USD, enquanto as importações cresceram 18% para 631,1 milhões USD face ao mesmo período do ano passado, de acordo com cálculos do Expansão com base em dados da Administração Geral Tributária (AGT), referentes aos primeiros três meses de 2025, apurados pelo Expansão.

Importações do PRODESI são 41 vezes superiores às exportações. Este é mais um indicador de que o programa criado em 2018 poucos frutos tem dado ao País. É por isso que, sete anos depois, o País continua a importar milho.

Só no I trimestre foram 53 milhões USD para comprar 127 mil toneladas de grão de milho, quando a produção deste cereal até foi bastante financiada pela banca, que foi obrigada pelo Governo a emprestar dinheiro aos produtores nacionais para viabilizar o PRODESI.

Assim, grão de trigo, arroz e carne de frango foram as mercadorias mais importadas no I trimestre, com 111,1 milhões USD, 111,0 milhões e 75,7 milhões USD, respectivamente, o que representa um aumento de 17,6%, 26,6% e 23,4% face ao mesmo período do ano passado. Seguiram-se os medicamentos, com 68,5 milhões USD, mais 71,3% face ao I trimestre de 2023. Por outro lado, até Março as exportações angolanas de produtos que a AGT cataloga como PRODESI são quase insipientes. Dos quase 15,3 milhões USD em exportações, 50% foram vendas de varão de aço lá para fora (7,6 milhões USD). Segue-se o leite, com 1,7 milhões USD e as massas alimentícias com 1,2 milhões.

Note- se que da produção agricola, o produto que mais exportou foi a banana, com cerca de 1,1 milhões USD por 318,7 mil toneladas. Estes números são divulgados numa altura em que as autoridades intensificaram o discurso da proibição da importação de produtos como a proteína animal e a farinha de trigo com o pretexto da protecção da produção nacional, quando, na verdade, os níveis de produção interna estão longe de satisfazer as necessidades do mercado.

Empresários ligados à distribuição acreditam que as medidas adoptadas pelas autoridades são mais um proteccionismo dos negócios de uma minoria em detrimento do bem-estar dos angolanos, que se debatem diariamente com o aumento dos preços e a queda do poder de compra.

"Estas medidas anunciadas nos últimos dias em nada contribuem para a segurança alimentar dos angolanos.As famílias há muito deixaram de fazer opções para a sua alimentação. Os angolanos hoje compram o necessário para se alimentarem", disse uma fonte ao Expansão.

Se para alguns a interdição das importações é necessária, a maioria entende que estas medidas vieram para sufocar a vida de muitas famílias, num País onde a produção nacional praticamente não tem escala e não consegue suprir todas as necessidades.

O aumento das importações, para muitos empresários, é resultado das carências que o mercado interno enfrenta. Para muitos, torna-se mais fácil importar do que exportar. A justificativa é uma, é que há muita burocracia na exportação (ver Grande Entrevista, página 24). Uma licença para exportar chega a demorar vários meses e isto contribui para a retracção das exportações angolanas.

Ainda assim, continua o grito de dificuldades em aceder a moeda estrangeira, tendo em conta a desvalorização do Kwanza. A esperança de muitos empresários é que o mercado consiga gerar valor para os produtos importados, mas muito do que é importado e depois embalado com rótulo da produção nacional acaba por ser vendido nos supermercados a preços mais caros do que os produtos finais importados.

Edição 826 do Expansão, de Sexta-feira, dia 16 de Maio de 2025

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