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Economia

Desaperto da posição cambial dos bancos abre portas a desvalorização do kwanza

BNA "ABRE" CORRIDA DA BANCA A DIVISAS

Para não pagar multas, as instituições bancárias não podiam exceder em 5% a sua posição cambial. Agora, com o aumento do limite da posição cambial para 10%, espera-se uma corrida à compra de cambiais, o que deverá inverter a tendência de apreciação do Kwanza face às principais moedas internacionais.

O Banco Nacional de Angola (BNA) desapertou a posição cambial das instituições bancárias que devem observar, diariamente, uma posição cambial global que não exceda os 10% dos seus fundos próprios regulamentares, o dobro do que estava instituído desde o início de 2021. Agora que há mais oferta do que procura no mercado cambial, o objectivo é fazer com que os bancos absorvam e movimentem mais dólares e euros, o que deverá travar a apreciação do Kwanza verificada desde o ano passado.

A posição cambial é a diferença entre os activos e os passivos em moeda estrangeira. Estes activos são as reservas em moeda estrangeira que os bancos têm no BNA, em títulos do tesouro e depósitos nos correspondentes (e ainda alguns créditos que concederem em USD). Os passivos em moeda estrangeira são os depósitos em USD. A partir de agora, esta diferença não pode ser superior a 10% dos fundos próprios (que é a diferença entre os activos totais e os passivos totais).

Assim, os bancos podem agora reservar moeda estrangeira no equivalente até 10% dos seus fundos próprios, o que contrasta com o que acontecia entre Dezembro de 2019 e Novembro de 2021, em que o máximo era de 2,5% para obrigar os bancos a "despachar" divisas a clientes e ao mercado interbancário. Naquela altura em que havia mais procura do que oferta de moeda estrangeira, o objectivo era impedir que os bancos que conseguiam comprar divisas directamente às petrolíferas as guardassem, passando a operar como "dealers", ou seja, fornecedores de outros bancos, semelhante ao que acontece em economias mais desenvolvidas. Entretanto, já em Dezembro de 2021, através do Aviso 12/2021, o banco central voltou a subir para 5% e agora para 10%.

A actualização da posição cambial que surge com a publicação do Aviso n.º13/2022 acontece numa altura em que há um excesso de moeda estrangeira no país, devido aos preços em alta do barril de crude e em que a política monetária do BNA está ainda muito restritiva para travar a inflação, o que afecta a liquidez em moeda nacional. "Com a Base Monetária ainda muito constrangida e com o Governo a aumentar as suas necessidades de financiamento em moeda nacional, essa libertação do limite cambial vai permitir que os bancos participem de forma menos tímida nos leilões de divisas, passando a deter mais divisas no balanço, o que no final do dia ajuda a equilibrar o mercado que está cheio de dólares", revelou o economista Wilson Chimoco.

(Leia o artigo integral na edição 674 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Maio de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)