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Economia

Exportação de petróleo afunda 5 mil milhões USD, importação de alimentos dispara

BALANÇA COMERCIAL ENCOLHE 33% NOS PRIMEIROS NOVE MESES DO ANO

As vendas do sector petrolífero para o exterior caíram devido à queda do preço médio das ramas angolanas e do declínio da produção. Sem o Oil & Gas e o sector mineiro, o País exportou apenas 420,0 milhões USD em mercadorias como máquinas e equipamentos, materiais de construção ou alimentos.

As exportações de mercadorias angolanas reduziram 14% para 23.047,3 milhões USD nos primeiros nove meses do ano, o que representa uma queda de 4.881,3 milhões face aos 27.928,6 milhões USD registados no período homólogo. Se as exportações caíram, o mesmo não aconteceu com as importações, já que estas cresceram 10% para 3.806,9 milhões, ou seja, mais 1.019,7 milhões USD, segundo cálculos do Expansão, com base nas estatísticas externas do Banco Nacional de Angola (BNA).

Assim, a balança comercial, ou seja o saldo entre as vendas para o exterior e as importações, caiu 33% para 11.915,8 milhões USD entre Janeiro e Setembro, quando comparado com os 17.816,9 milhões do mesmo período do ano passado. E a culpa continua a ser do suspeito de costume, o sector petrolífero, cujas vendas para o exterior caíram 5.029,9 milhões USD devido à queda não só do preço médio das ramas angolanas, que passou de 81,7 USD para uma média de 70,6 USD por barril (-14%), mas também da produção petrolífera que tem estado a cair.

Só para se ter uma ideia, Angola produziu, entre Janeiro e Setembro, 280,9 milhões de barris de petróleo, o equivalente a uma média diária de 1,029 milhões de barris, o que representa uma redução de 9% face aos 1,134 milhões barris/dia produzidos nos primeiros nove meses do ano passado, de acordo com cálculos do Expansão com base nas estatísticas da ANPG.

Esta redução da produção fez com que as petrolíferas que operam em Angola exportassem apenas 262,6 milhões barris de crude neste período, o que representa uma queda de 11% face aos 295,2 milhões de barris exportados no período homólogo. Isto, associado à queda do preço, resultou a uma queda de 23% nas receitas brutas para 18.534,4 milhões USD no período em análise. Se o petróleo empurrou as exportações para baixo, o gás (segundo maior produto de exportação do País) registou um comportamento diferente.

As exportações aumentaram 31% para 2.433,0 milhões USD (+576,7 milhões) como resultado do aumento do preço (13% para 66,5 USD) e das quantidades exportadas, que subiram 20% para 37,1 milhões de barris de óleo equivalente (boe). Já as exportações dos minérios (dominados pelos diamantes), que representam 6% das exportações nacionais, subiram 17%, ao passar de 1.084,5 milhões USD para 1.263,6 milhões (+179,0 milhões).

Produtos da diversificação só exportaram 420 milhões USD

As exportações de mercadorias angolanas continuam muito dependentes do petróleo e dos recursos minerais, já que estes dois sectores valem 98% das vendas lá para fora, o que revela que a diversificação económica está longe de compensar os efeitos negativos que o declínio da produção no petróleo tem provocado aos cofres do Estado.

Só para se ter uma ideia, se retiramos o Oil & Gas e o sector mineiro, nos primeiros nove meses do ano, Angola exportou apenas 419,8 milhões USD em mercadorias como máquinas e equipamentos, materiais de construção ou bens alimentares. Ainda assim, trata-se de um crescimento de 0,3% face ao período homólogo.

"Não se pode falar de diversificação. Nas exportações continua tudo concentrado no petróleo e diamantes", aponta o economista Heitor Carvalho, acrescentando que o mais importante seria reduzir as importações desnecessárias e aumentar as taxas aduaneiras.

A efectivação da diversificação económica continua a ser um processo a andar muito devagarinho e insuficiente para as necessidades que o País tem, onde impera uma alta de desemprego e de inflação, e em que Angola continua a importar a maior parte dos bens alimentares que a população precisa.

Só entre Janeiro e Setembro, a importação de bens alimentares - que representa 14% do total das importações - aumentou 8% para 1.509,0 milhões USD, o que significa que o País gastou mais 111,3 milhões USD com importação de alimentos do que no mesmo período do ano passado. Isto justifica, em parte, a desaceleração da taxa de inflação que se tem registado nos últimos meses, já que as famílias gastam praticamente metade dos seus rendimentos para comprar alimentação.

O próprio BNA, que tem a missão de garantir a estabilidade de preços, tem justificado que o comportamento do preço dos alimentos resulta, fundamentalmente, do aumento da oferta dos produtos de amplo consumo na economia, tendo em conta a insuficiente produção interna e o aumento das importações.

Para o presidente da Associação de Empresas de Comércio e Distribuição Moderna de Angola (ECODIMA), Raúl Mateus, o crescimento particular das importações de bens alimentares evidencia que a base produtiva interna permanece insuficiente para suprir as necessidades de consumo.

Assim, Raúl Mateus entende que este desequilíbrio, em que as exportações diminuem e as importações crescem, agrava o desequilíbrio externo e intensifica a pressão sobre a taxa de câmbio, transferindo a pressão para as reservas cambiais e gerando maior procura por divisas.

"Numa economia dependente do petróleo, esta contracção traduz-se em menor capacidade para financiar importações e em maior exposição à inflação importada", apontou

Leia o artigo integral na edição 856 do Expansão, sexta-feira, dia 12 de Dezembro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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