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Economia

Inflação mensal cresce pelo 3.º mês consecutivo, subida deverá continuar nos próximos meses

O CUSTO DE VIDA DOS ANGOLANOS AUMENTOU EM ABRIL

Os preços sobem mais na classe da saúde, ainda assim o que mais contribui para o aumento da inflação são os alimentos e bebidas não alcoólicas. Embora a inflação homóloga tenha estado a cair até atingir os 10,5% em Abril, tudo indica que as taxas homólogas começam a subir a partir de Maio, na base está a depreciação do kwanza.

A crescer há três meses consecutivos, a taxa de inflação mensal a nível nacional acelerou 0,20 pontos percentuais (pp) para 0,92% em Abril deste ano, em sentido inverso está a taxa de inflação homóloga, que está a cair há 15 meses, de acordo com o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN), divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Com a taxa de 0,92% do mês de Abril, o País regista a taxa de inflação mensal mais alta dos últimos 11 meses, isto é, seria necessário recuar até Maio de 2022 para encontrar uma taxa mensal superior aos 0,90%.

A taxa de inflação mensal, que mede o custo de vida dos angolanos, apresentou uma trajectória descendente durante os primeiros oito meses de 2022, caindo até 0,76% em Agosto, a taxa mensal mais baixa desde 2015. Após as eleições realizadas em Agosto do ano passado, a inflação mensal tem estado a crescer, embora a um ritmo inferior ao dos primeiros meses do ano passado.

Assim, em termos acumulados, nos últimos quatro meses do ano, a taxa de inflação cresceu para 3,55%. Já a inflação homóloga registada no mês de Abril (quando comparado com o mesmo período do ano passado) caiu para 10,52%, o índice mais baixo desde Agosto de 2015. Entretanto, a consultora Oxford Economics Africa considera que o aumento da inflação, em Abril face ao mês anterior, vai acentuar-se na segunda metade deste ano, embora abaixo dos níveis historicamente altos dos últimos anos.

"O impacto da desvalorização do kwanza vai começar a mostrar- se numa inflação moderadamente mais alta no segundo semestre deste ano, ainda que bem melhor que o aumento de preços de 21,3% em 2021 e 12,1% em 2022", explicam os analistas.

"Taxa homóloga é apenas um resultado matemático"

De acordo com o economista Carlos Lumbo, sendo a trajectória das taxas mensais uma variável nuclear, cada taxa homóloga é apenas um resultado matemático, de composição das 12 taxas mensais do passado. Por isso, as taxas homólogas têm sempre uma trajectória retardada, caindo até Abril de 2023 como as taxas mensais caíram até Agosto de 2022.

"Como as taxas mensais estão a subir lentamente desde Setembro de 2022, as taxas homólogas começarão a subir em Maio de 2023, sem atingir 1 dígito. Portanto, é forte a probabilidade de terminarem 2023 acima de 11%, limite máximo do intervalo previsto pelo Banco Nacional de Angola (BNA)", aponta o economista.

Conforme explica o economista, se o BNA considerasse a trajectória das taxas mensais como o indicador primário e nuclear da inflação, o mesmo estaria consciente de que a inflação estava em ascensão desde Setembro de 2022 e já teria, em 2022, parado de baixar as taxas de juro, na política monetária.

Entretanto, nesta sexta-feira, o BNA decide o curso da política monetária. Na última reunião, o banco central decidiu reduzir a taxa básica de juro de 18% para 17%, em resposta ao abrandamento da taxa de inflação.

Preços sobem mais na saúde

Os números do INE apontam que, em termos de consumo, a saúde foi a que teve o maior aumento de preços (1,91%) no mês de Abril, destacando-se também os aumentos dos preços verificados nas classes dos vestuários e calçados (1,55%), nos bens e serviços diversos (1,45%), bem como na classe dos hotéis, cafés e Restaurantes com (1,22%).

Ainda assim, como de costume, a classe Alimentação e bebidas não alcoólicas foi a que mais contribuiu para o aumento do nível geral de preços com 0,53 pp durante o mês de Abril, seguindo- se as classes Bens e serviços diversos, com 0,10 pp, Saúde, com 0,07 pp e Vestuário e calçado com 0,06 pp, enquanto as restantes classes tiveram contribuições inferiores a 0,06 pontos.

Namibe com 1,12%, Cunene e Zaire com 1,08% cada e Uíge com 1,04% foram as províncias que registaram maior variação nos preços. Ao passo que Bengo com 0,70%, Cabinda com 0,73% e Cuando Cubango com 0,74% foram as que registaram menor variação.