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Economia

Por cada quatro empregos criados três foram para a informalidade

PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2022

Dos 330.876 postos de trabalho gerados neste período, 246.656 encontraram o ganha-pão das suas famílias nos biscates e apenas 84.220 conseguiram emprego formal. O crescimento da informalidade transforma Angola num estaleiro de biscates, de relações laborais desreguladas e de trabalhadores sem protecção social.

Nos primeiros três meses do ano há mais 330.876 angolanos a trabalhar face ao final de 2021, mas três em cada quatro empregos gerados neste período foram para a informalidade e apenas um para a formalidade, de acordo com cálculos do Expansão com base no Inquérito ao Emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE), relativo ao I trimestre deste ano.

Segundo o relatório, no universo da população em idade activa (pessoas com 15 ou mais anos de idade), 11.218.924 pessoas (mais dos 330.876 que no final de 2021), declararam que trabalharam no período de referência, num trabalho por conta de outrem, conta própria ou trabalharam num negócio familiar, durante pelo menos uma hora. Contas feitas, dos 330.876 postos de trabalho gerados entre Janeiro e Março, 246.656 encontraram o ganha-pão das suas famílias nos biscates da informalidade, e apenas 84.220 conseguiram um emprego formal, com mais garantias de segurança para o trabalhador.

Este é mais um sinal claro de que após cinco anos em recessão, a economia não está a conseguir ainda gerar os postos de trabalho formais necessários para absorver a população que cresce a uma média superior a 3% ao ano. Ou seja, Angola tem estado ano após ano a criar mais pobres, pois não consegue criar empregos para absorver a quantidade de cidadãos que entram em idade activa para trabalhar.

A crueldade dos números mostram-nos que antes da pandemia, no final de 2019, Angola tinha 9.924.675 empregados, dos quais apenas 2.530.792 tinha emprego formal. Já no final de Março deste ano, o País tinha apenas 2.184.032 pessoas com trabalhos formais, ou seja, menos 346.760 face a 2019. Ainda que ligeiramente, este número tem vindo a recuperar desde 2020, ano em que se tinham perdido 466.980 empregos formais face a 2019. No final de 2021 recuperaram-se 36.000 postos de trabalho formais face aos 466.980 perdidos.

Em Angola, a maioria das pessoas empregadas encontra-se assim no sector informal (80,5%). No final do I trimestre a maioria das pessoas com emprego informal eram trabalhadores por conta própria (49,3%), trabalhadores familiares (34,4%) e trabalhadores para o consumo próprio (9,3% ). A taxa de emprego informal é maior na área rural do que na área urbana (95,6% e 66,0%) respectivamente. Mas se o emprego aumentou 3% no I trimestre deste ano, o desemprego caiu 6,6% para um total de 4.995.991 angolanos que não tinham trabalho remunerado nem qualquer outro e estavam disponíveis para trabalhar, totalizando menos 352.632 que em Dezembro de 2021.

A taxa de desemprego caiu, assim, de 32,9% no final de 2021 para 30,8% no I trimestre deste ano, sendo mais elevada para as mulheres. A taxa de desemprego na área urbana (41,7%) é cerca de 3 vezes superior à da área rural (14,3%).

(Leia o artigo integral na edição 675 do Expansão, de sexta-feira, dia 20 de Maio de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)