Maiores bancos angolanos à "caça" de correspondentes bancários em dólares
Desde 2015 que a correspondência bancária em dólares estava restrita a pequenas dependências no "meio do nada" em território dos EUA e a bancos menores noutros continentes. O Standard Bank viu um grande banco americano abrir-lhe a porta, e o BFA está a negociar com o JP Morgan e o Citybank.
Apesar de o País se manter na lista cinzenta do Grupo de Acção Financeira (GAFI), devido a deficiências no combate ao branqueamento de capitais, dois dos maiores bancos angolanos nacionais anunciaram ter rubricado acordos de correspondência em dólares com duas das maiores instituições bancárias a nível mundial, o norte-americano JP Morgan e o alemão Deutsche Bank.
Depois de o Standard Bank ter anunciado, na semana passada, o acordo com o JP Morgan para operações em moeda estrangeira, que o PCE da instituição angolana, Luís Teles, considerou ser um "passo significativo para desbloquear a capacidade do Standard Bank de Angola servir os seus clientes", o BFA anunciou esta semana um acordo com o Deutsche Bank, um dos maiores bancos europeus, para o estabelecimento de uma conta de correspondência bancária em euros e dólares.
Os dois bancos angolanos consideram ser um marco relevante para estas instituições bancárias, considerando ser um sinal da credibilidade e do trabalho feito nos últimos anos. Mas se várias instituições bancárias já tinham acordos de correspondência com instituições bancárias europeias, o mesmo não acontecia em relação a bancos norte-americanos de grande nomeada, já que no final de 2015, por imposição do regulador dos EUA essas relações foram suspensas, devido a falhas no compliance em Angola e por suspeitas de branqueamento de capitais nas operações.
As negociações não foram proibidas, mas o risco e o valor das operações e caso fossem detectadas falhas pelo supervisor norte-americano não compensavam as eventuais multas a que as instituições norte-americanas ficariam sujeitas.
Assim, desde essa altura, foram praticamente inexistentes os acordos de bancos angolanos a com bancos norte-americanos para correspondência bancária. Alguns ainda conseguiram recorrer a bancos de menor dimensão, um pouco fora do olhar atento do supervisor.
Mas agora parece haver maior vontade em aceitar bancos angolanos, uma vontade que cresceu com o desenvolvimento do Corredor do Lobito, que tem mão norte-americana, tendo resultado, até, numa visita do então presidente Joe Biden a Angola. E, de acordo com fontes da banca, esta abertura por parte dos EUA aconteceu precisamente por intervenção de Biden, devido ao investimento no Corredor do Lobito, um sinal de que apesar de o país estar sob a alçada do GAFI, os movimentos políticos têm mais força.
"Trata-se de um movimento político mesmo. Vinda de Biden deve ter tido muita influência nesse processo", avança o administrador de um dos maiores bancos nacionais.
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