Modelo de desenvolvimento económico para Angola
No nosso caso, urgem transformações a nível institucional, visto que se observa um desfasamento na gestão dos recursos humanos, em relação às necessidades reais das instituições devido ao excesso de burocracia e à imperícia dos gestores de capital humano. É comum verificar a inadequação do perfil dos funcionários em relação às funções que exercem, o que origina baixa produtividade, consequentemente, baixo índice de competitividade económico do país.
A premissa da economia que declara que "os recursos são escassos e as necessidades são ilimitadas" é das mais importantes. Ela remete os gestores para um processo complexo de racionalidade, visando a eficiência e eficácia nas suas decisões. Neste contexto, é fundamental realçar que os recursos escassos são: o capital humano qualificado, os financeiros e os materiais.
Ao analisarmos os Estados desenvolvidos, verificamos que o capital humano é o principal factor que alavanca a sua prosperidade, com isto, em qualquer modelo de desenvolvimento que o nosso país pretenda implementar esse pressuposto deve ser considerado.
Importa realçar que o desenvolvimento económico diferencia- se do crescimento económico, sendo que o segundo antecede o primeiro. O nosso país, após alcançar a paz, conheceu um crescimento exponencial a nível económico. No ano de 2002, possuía um Produto Interno Bruto (PIB) de 15,29 mil milhões USD e em 2014 esta variável atingiu o auge de 137,2 mil milhões USD, segundo dados do Banco Mundial (BM). Neste período de ouro da nossa economia, consegue-se identificar que, além do alto preço do barril do petróleo bruto (Brent), o Governo realizou grandes investimentos em infraestruturas, no valor de 54,4 mil milhões USD, como declara o Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (CEIC-UCAN). Este cenário demonstra que o investimento público também influenciou positivamente no crescimento económico, mas infelizmente o país não conheceu o estágio de desenvolvimento económico.
Luiz Carlos Bresser-Pereira (2008) destaca que "o desenvolvimento económico implica mudanças estruturais, culturais e institucionais". No nosso caso, urgem transformações a nível institucional, visto que se observa um desfasamento na gestão dos recursos humanos, em relação às necessidades reais das instituições devido ao excesso de burocracia e à imperícia dos gestores de capital humano. É comum verificar a inadequação do perfil dos funcionários em relação às funções que exercem, o que origina baixa produtividade, consequentemente, baixo índice de competitividade económico do país. Neste quesito, Angola ocupa a posição 130, conforme observado na última pesquisa realizada pela The Business School for the World, em parceria com a Human Capital Leadership e o Portulans Institute, em 2022.
Em relação ao capital humano, identificamos que a iniciativa de envio de 300 estudantes para universidades conceituadas, a fim de se formarem em cursos de mestrado e doutoramento, no longo prazo, poderá resultar em mais-valia para a sociedade. Entretanto, deve-se aperfeiçoar os instrumentos de controlo, de gestão e de enquadramento dos quadros. O último diagnóstico, realizado pelo Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação e o Banco Mundial, revelou que, actualmente, existem 4.096 mestres e 1.244 doutores no país. Seria prudente aferir até que ponto estes especialistas estão integrados para contribuírem para o desenvolvimento económico da Nação.
Outro aspecto que se deve aprimorar é relacionado à distribuição de renda, porque as ferramentas actuais são insuficientes em relação à demanda. Por esta razão, assimetrias regionais ainda são uma realidade no país, mas podem ser colmatadas com o fomento de políticas de desenvolvimento local, com isto, investimentos em infraestruturas serão basilares para o progresso do interior. O Kwenda é uma iniciativa louvável de carácter emergencial, contudo, somente o estímulo, a educação, a formação técnico- profissional, a exploração e transformação eficiente das riquezas naturais das diferentes regiões do país trará desenvolvimento económico sustentável.
(Leia o artigo integral na edição 722 do Expansão, desta sexta-feira, dia 28 de Abril de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)